Em um momento de despedida do Brasil, o embaixador israelense Daniel Zonshine expressou seu pesar pela crescente crise diplomática entre Israel e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração ocorreu durante um café da manhã promovido pelo partido Republicanos na Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira. Zonshine, que está prestes a deixar o cargo, manifestou preocupação com o futuro das relações bilaterais.

A tensão entre Brasil e Israel tem se intensificado desde a posse de Lula, marcada por divergências em relação ao conflito na Faixa de Gaza. Israel acusa o governo brasileiro de adotar uma postura favorável ao Hamas, enquanto Lula critica veementemente as ações israelenses na região, onde o número de vítimas já ultrapassa 50 mil. O ponto crítico da crise se deu quando Lula comparou as ações de Israel em Gaza ao Holocausto, gerando forte reação internacional.

A comparação feita por Lula resultou em sua declaração como “persona non grata” em Israel. Em resposta, o governo brasileiro retirou seu embaixador de Tel Aviv, reduzindo a representação diplomática entre os países. Segundo fontes familiarizadas com o encontro, Zonshine lamentou a decisão do governo brasileiro de não aprovar a nomeação de um novo embaixador israelense em Brasília, agravando ainda mais a situação.

Contudo, o embaixador ressaltou que as relações econômicas, científicas e culturais entre Israel e Brasil devem permanecer inalteradas. “A representação diplomática continuará funcionando mesmo sem um chefe do primeiro escalão”, afirmou Zonshine, demonstrando esperança na continuidade da cooperação em áreas chave. Apesar do momento delicado, o embaixador expressou confiança na resiliência dos laços entre os dois países.

O distanciamento entre Brasil e Israel se acentuou com a decisão do governo brasileiro de apoiar uma ação judicial na Corte Internacional de Justiça (CIJ) que acusa Israel de genocídio na Faixa de Gaza. Adicionalmente, a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e a demora na aprovação do agrément de Gali Dagan, indicado para ser o novo embaixador de Israel no Brasil, evidenciam o aprofundamento da crise diplomática.