A Embraer anunciou um plano estratégico para mitigar o impacto das tarifas de exportação nos Estados Unidos. A proposta envolve um investimento de até US$ 500 milhões na produção do avião cargueiro KC-390 em solo americano, condicionado à aquisição da aeronave pelo país. Adicionalmente, a empresa planeja investir outros US$ 500 milhões, ao longo de cinco anos, na expansão de suas instalações na Flórida.
Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, destacou o potencial da iniciativa para gerar cerca de 2,5 mil empregos nos Estados Unidos, apresentando a produção local do KC-390 como uma “oportunidade de investimento” para zerar as tarifas. A empresa afirma estar em negociações avançadas com um parceiro nos EUA para viabilizar o projeto e continua defendendo o retorno a uma política de tarifa zero para o setor aeroespacial global.
Embora os aviões civis estejam isentos da sobretaxa de 40% imposta sobre produtos brasileiros, o presidente da Embraer expressa preocupação com as tarifas americanas, que desde abril somam 10%.
Apesar dos desafios tarifários, a Embraer divulgou um balanço com receita de R$ 10,3 bilhões no segundo trimestre de 2025, um aumento de 30,9% em comparação com o mesmo período de 2024, valor considerado um “recorde histórico” para o período. No entanto, a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 53,4 milhões, contrastando com o lucro de R$ 415,7 milhões no segundo trimestre de 2024.
A Embraer mantém suas projeções para o ano, com receita total entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões, margem Ebit ajustada de 7,5% a 8,3% e um fluxo de caixa livre ajustado de pelo menos US$ 200 milhões. A empresa estima que 20% do impacto das tarifas já estejam afetando seu fluxo de caixa, prevendo um efeito maior no segundo semestre.
A empresa reiterou suas previsões de entrega de aeronaves para o ano, estimando o envio de 77 a 85 aeronaves comerciais e entre 145 e 155 jatos executivos.
O KC-390, projeto desenvolvido em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), é um avião multimissão capaz de transportar até 26 toneladas a 870 km/h. A aeronave opera em pistas não pavimentadas e pode ser utilizada para transporte de carga e tropas, evacuação aeromédica, busca e salvamento, ajuda humanitária, combate a incêndios e reabastecimento aéreo. Atualmente, 11 países já selecionaram o modelo, incluindo Brasil, Portugal e Coreia do Sul. A produção do KC-390 é realizada na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto.