Pesquisa genética revela duas rotas de povoamento e confirma cronologia longa para os aborígenes australianos
Novo estudo genético confirma que a chegada dos primeiros humanos à Austrália ocorreu há cerca de 60 mil anos por duas rotas distintas.
Estudo detalha chegada dos primeiros humanos à Austrália há 60 mil anos
O estudo sobre a chegada dos primeiros humanos à Austrália foi publicado na sexta-feira (28/11) no periódico Science Advances. A pesquisa genética, considerada a mais abrangente até o momento, analisou cerca de 2,5 mil genomas de povos aborígenes antigos e modernos para esclarecer uma controvérsia sobre a data do povoamento. Martin Richards, coautor da pesquisa, afirmou que os resultados oferecem forte apoio à cronologia longa, que estima a chegada dos humanos modernos há cerca de 60 mil anos.
Duas rotas marítimas distintas guiaram os primeiros humanos até o continente Sahul
Os dados genéticos indicam que os primeiros habitantes chegaram ao antigo continente Sahul — que compreende Austrália, Nova Guiné e Tasmânia — por duas rotas diferentes. Utilizando embarcações, esses grupos migraram através do sul e do norte da região de Sunda, que atualmente engloba Indonésia, Filipinas e Malásia. Esta descoberta sugere uma complexa movimentação populacional antes do estabelecimento definitivo no território australiano.
Análise genética com relógio molecular reforça separação das populações antes do povoamento
A pesquisa aplicou o método do relógio molecular no DNA mitocondrial e no cromossomo Y para estimar o tempo das divergências genéticas. Cerca de 70 mil a 80 mil anos antes do povoamento australiano, os grupos ancestrais já se separavam em regiões asiáticas distintas, partindo da mesma população que saiu da África. Helen Farr, coautora do estudo, ressalta que essa herança genética reforça a identidade cultural e histórica dos povos originários australianos.
Contato dos primeiros humanos com espécies antigas durante a migração
Durante o trajeto para a Austrália, os ancestrais dos aborígenes provavelmente tiveram contato com espécies humanas primitivas, como o Homo luzonensis, Homo floresiensis — conhecido como “hobbit” pela pequena estatura — e Homo longi. Essa interação indica um cenário rico e diversificado de evolução e adaptação humanas na Ásia e Oceania antes do assentamento final em Sahul.
Implicações da pesquisa para a compreensão da ancestralidade humana fora da África
Os resultados do estudo evidenciam que os povos aborígenes australianos e os habitantes da Nova Guiné possuem a ancestralidade contínua mais antiga entre os grupos humanos fora da África. Esse fato transforma a compreensão sobre migrações humanas e a história dos primeiros colonizadores em regiões isoladas, reforçando a importância dessas populações para a diversidade genética e cultural global.
Este trabalho oferece um olhar renovado sobre a chegada dos primeiros humanos à Austrália, confirmando a data de 60 mil anos atrás e destacando as duas rotas marítimas distintas usadas por essas populações. A pesquisa contribui para o conhecimento científico e para a valorização das culturas originárias da região.
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Fonte: www.metropoles.com
Fonte: Jenny Dettrick/Getty Images