Análise aponta que índices de homicídio entre homens negros são alarmantes no Brasil
Homens negros têm três vezes mais chances de serem mortos por armas de fogo no Brasil, segundo estudo do Instituto Sou da Paz.
Um estudo divulgado pelo Instituto Sou da Paz nesta quinta-feira (20) aponta que homens negros têm três vezes mais chances de serem mortos por armas de fogo do que homens não negros no Brasil. Segundo o relatório “Violência Armada e Racismo: O papel da arma de fogo na Desigualdade Racial”, essa diferença alarmante corresponde a uma taxa de 211%.
Queda geral nos homicídios, mas a violência armada persiste
A quarta edição do estudo destacou que, embora o número total de homicídios tenha apresentado uma queda ao longo dos anos, a violência armada permanece em níveis constantes, afetando predominantemente os homens, que representam 94% das vítimas. Essa constatação é preocupante, uma vez que a sociedade brasileira enfrenta um cenário complexo de violência.
Análise de dados entre 2012 e 2024
O estudo, realizado com base nos dados oficiais do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), analisa os registros de homicídios entre 2012 e 2023, estendendo-se até 2024 para a violência armada não letal. Os resultados revelam que os jovens de 20 a 29 anos concentram as maiores taxas de mortalidade, com 81,2 mortes a cada 100 mil homens.
Fatores de risco: raça, idade e localização
A pesquisa também aponta que a raça é um fator relevante, dado que 80% dos homens mortos por arma de fogo são negros. As regiões Norte e Nordeste lideram as taxas de homicídios, com o Nordeste concentrando quase metade das mortes de homens causadas por armas de fogo, sendo a maior taxa do país com 55,8 mortes a cada 100 mil homens, onde 90% das vítimas eram negras.
Dados alarmantes sobre homicídios armados
Além disso, estados como Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro se destacam pelos altos números absolutos de homicídios armados registrados desde 2012, enquanto o Amapá apresenta a maior taxa por 100 mil homens (111,5). Essa realidade evidencia uma disparidade que clama por atenção e ação efetiva das autoridades.
Locais e dinâmicas dos homicídios
O estudo revela que, ao contrário do que acontece com os feminicídios, a maioria das mortes de homens por arma de fogo ocorre em locais públicos. Em 2023, 49% dos homicídios masculinos aconteceram em ruas ou estradas, enquanto 11,6% ocorreram em residências. Essa dinâmica indica a necessidade de estratégias de segurança pública que considerem o contexto social e os locais de maior risco.
Crescimento da violência armada não letal
Entre 2012 e 2024, mais de 58.500 notificações de violência armada contra homens foram registradas no sistema de saúde. Somente em 2024, foram 5.605 notificações, o que representa um aumento de 59% em três anos. Esse crescimento revela uma tendência preocupante que deve ser abordada com urgência.
Necessidade de ação e políticas públicas
Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, destaca a importância de reconhecer a realidade por meio dos dados analisados na pesquisa. Ela afirma que é fundamental investir na prevenção dos fatores que levam à violência armada, controlando a disponibilidade de armas de fogo na sociedade brasileira, tanto no mercado legal quanto no combate ao seu tráfico ilegal. A implementação de políticas públicas eficazes é essencial para garantir a segurança e a proteção da população mais vulnerável.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br