Análise do economista Caio Megale destaca o enfraquecimento do mercado de trabalho nos Estados Unidos e a situação econômica do Brasil
O economista Caio Megale analisa os sinais de desaceleração no mercado de trabalho dos EUA e a situação econômica brasileira.
EUA apresenta apagão estatístico e Brasil mostra sinais de desaceleração
O economista da XP, Caio Megale, destacou que o mercado de trabalho nos Estados Unidos apresenta sinais de enfraquecimento, especialmente na criação líquida de vagas, mesmo com o desemprego ainda em níveis baixos. Segundo ele, esse comportamento está em dissonância com outros indicadores, como o Produto Interno Bruto (PIB) e consumo, mas não significa necessariamente uma recessão.
Transformação no mercado de trabalho
Megale apontou a transformação estrutural nos empregos, com a expansão de trabalhos flexíveis e aplicativos, que funcionam como alternativa à perda de postos formais, dificultando a interpretação da desaceleração do mercado de trabalho. As declarações foram dadas durante a última edição do podcast Outliers InfoMoney, apresentado por Clara Sodré e Fabiano Cintra, da XP Investimentos.
Cenário econômico dos EUA
O economista ressaltou o papel histórico do Federal Reserve (Fed) como estabilizador global e alertou para os riscos caso a instituição perca credibilidade. “Se o Fed começa a gerar incerteza em vez de liquidez, o mundo financeiro fica mais frágil”, afirmou. Diante do cenário, o Fed iniciou cortes de juros, com expectativa de novas reduções no futuro, movimento aguardado pelo mercado por se tratar da taxa “mãe” que influencia outros mercados.
Situação do Brasil
Enquanto os EUA cortam juros, o Brasil mantém a taxa básica em patamar elevado. Megale explica que o país apresenta sinais leves de desaceleração no mercado de trabalho e ainda mais clara no crédito, mas ainda mantém economia forte e inflação acima da meta — 5% acumulada em 12 meses até setembro, contra a meta de 3%. O Banco Central brasileiro tem adotado uma abordagem cautelosa, equilibrando riscos, ao mesmo tempo em que a inflação permanece alta, há estímulos fiscais em curso, como novas medidas de expansão econômica, desoneração de impostos para classes de baixa renda e ajustes em crédito imobiliário e consignado.
Perspectivas futuras
Essa combinação cria um cenário em que a política monetária tem efeito, mas é parcialmente compensada pelo impulso fiscal. Megale indicou que o efeito do aperto monetário começou a aparecer claramente, com juros elevados e contenção fiscal contribuindo para frear a economia. Por isso, o início do ciclo de cortes de juros no Brasil, inicialmente esperado para janeiro, foi adiado para março. No entanto, alerta que novas medidas fiscais expansionistas podem acelerar novamente a economia, tornando o balanço de riscos complexo. Para 2025, Megale reforça que o ambiente global e local será imprevisível, com riscos e oportunidades dependendo da dinâmica de commodities, decisões de política monetária nos EUA e movimentações comerciais globais.