Tensão entre Brasil e Estados Unidos aumenta após julgamento de Bolsonaro
A relação entre Estados Unidos e Brasil se intensifica após declarações sobre o julgamento de Jair Bolsonaro.
Após a declaração de Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, sobre o uso do poder econômico e militar para proteger a liberdade de expressão global, a relação entre Estados Unidos e Brasil entra em um novo patamar de tensão. A fala de Leavitt, proferida durante uma coletiva de imprensa, foi uma resposta direta a uma pergunta sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A declaração da Casa Branca nesta terça-feira (09) sobre o uso do poder econômico e militar para proteger a liberdade de expressão global, feita por Karoline Leavitt em um contexto de debate sobre o julgamento de Jair Bolsonaro, coloca em perspectiva a política externa do presidente Donald Trump. “Não tem medo de usar o poder econômico e militar para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo”, disse.
Essa postura não é um mero discurso; ela reflete um padrão de ação que já se manifestou em outros cenários geopolíticos. O histórico de Trump demonstra que ele não hesita em utilizar o poder americano quando a persuasão e as ordens diplomáticas não são atendidas. A tensão é uma de suas principais ferramentas, mas, quando essa tática falha, a ação direta se torna uma opção real.
Ações diretas: Irã e Venezuela como exemplos
A história recente oferece exemplos claros da disposição de Trump em usar a força para atender aos interesses dos Estados Unidos, mesmo que isso signifique entrar em conflito direto. No início de 2020, os EUA realizaram um ataque de drone no Iraque que resultou na morte do general Qassem Soleimani, uma das figuras mais importantes do regime iraniano. Este ato, considerado um ato de guerra pelo Irã, demonstrou a coragem de Trump de usar o poder bélico para eliminar o que ele considera uma ameaça direta aos interesses americanos.
No caso da Venezuela, a política americana tem sido de constante e crescente pressão, com sanções pesadas impostas ao regime de Nicolás Maduro. Embora um ataque militar direto ainda não tenha ocorrido, a ameaça de ação militar nunca foi totalmente descartada, servindo como uma forma de manter a tensão e a pressão sobre o regime.
Relação Trump e Bolsonaro
A afinidade política entre Jair Bolsonaro e Donald Trump é uma constante na história recente. Ambos compartilham uma base populista e um discurso de combate ao “establishment”, frequentemente criticando instituições judiciais e defendendo a “liberdade de expressão”. A declaração da Casa Branca, sinalizando a disposição de usar o poder americano em nome dessa pauta, ganha um novo peso nesse contexto.
O julgamento do “Núcleo Golpista”
O julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus no Supremo Tribunal Federal (STF) marca um momento crucial para a democracia brasileira. Acusados de arquitetar um plano para reverter o resultado da eleição presidencial, os réus negam as acusações, mas o processo avança. Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), o plano de manter Bolsonaro no poder, contrariando a Constituição, só não foi adiante porque os então comandantes do Exército e da Aeronáutica se recusaram a apoiar a investida.
A tensão geopolítica se aprofunda exatamente no momento em que a justiça brasileira avança em um processo que pode definir o futuro da democracia no país. O julgamento, que pode resultar na prisão de integrantes das Forças Armadas, também se tornou uma peça central no embate político entre o governo e a oposição, com o presidente Lula usando o tema como parte de sua estratégia discursiva.