Ex-produtor do 60 Minutes relata pressão para evitar coberturas sobre Gaza e Trump

Piaras Ó Mídheach/Sportsfile/Getty Images

Bill Owens fala sobre censura interna e sua saída da rede CBS

Bill Owens, ex-produtor do 60 Minutes, revela pressões internas para evitar coberturas sobre Gaza e Trump.

Bill Owens, ex-produtor executivo do 60 Minutes, fez declarações contundentes sobre as pressões que enfrentou ao tentar cobrir assuntos polêmicos, como a guerra em Gaza e a administração Trump. Em um evento no Colby College, onde recebeu um prêmio por coragem no jornalismo, Owens revelou que foi desencorajado a realizar novas reportagens sobre Gaza após a repercussão negativa de uma matéria da série, que incomodou a acionista majoritária da Paramount, Shari Redstone.

Pressões internas e censura

Owens indicou que mensagens de sua direção deixaram claro que ele não deveria cobrir temas delicados, como Gaza, e que havia uma preocupação em relação à cobertura de Trump. A pressão foi tão intensa que, ao mencionar a possibilidade de uma nova reportagem sobre Gaza, ele sentiu como se estivesse perturbando um ‘ninho de vespas’. “Não fizemos nada de errado”, afirmou, ressaltando a importância de manter a integridade editorial.

O que motivou sua saída

Após meses sob pressão e uma situação insustentável, Owens decidiu que não poderia mais permanecer na CBS. Ele se sentiu compelido a agir para chamar a atenção para a censura corporativa, especialmente em um momento em que a Paramount buscava a aprovação de uma fusão importante. “A única coisa que eu poderia fazer era explodir profissionalmente para criar um raio de atenção sobre o que estava acontecendo”, disse ele.

Futuro no jornalismo

Apesar da sua saída, Owens expressou a intenção de retornar ao jornalismo e mencionou que está em conversas com potenciais financiadores. “Definitivamente, voltarei ao jogo”, concluiu, destacando a necessidade de uma maior resistência às pressões corporativas no setor de notícias.
Owens também fez um apelo à coragem e à ação dos jornalistas, afirmando que “ou você faz a coisa certa e aceita as consequências, ou você não faz, e vive com isso.”

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