Entenda os motivos que levaram à não responsabilização de funcionários pela tragédia

Delegada explica que não houve responsabilidade criminal individual após a explosão que matou nove em Quatro Barras.

Nesta quinta-feira (9), a delegada Gessica Andrade, da Polícia Civil do Paraná, apresentou os motivos que levaram à decisão de não indiciar funcionários da Enaex Brasil pela explosão que resultou na morte de nove trabalhadores em agosto, na unidade da empresa em Quatro Barras, Região Metropolitana de Curitiba. O inquérito chegou à conclusão de que não houve dolo ou culpa individual, mas sim falhas sistêmicas e estruturais na gestão de risco.

Motivo da não responsabilização

A delegada destacou que o foco da investigação era verificar a responsabilidade criminal pelas mortes e, devido à falta de evidências de conduta dolosa ou culposa, não há base legal para indiciamentos. “O relatório será encaminhado ao Ministério do Trabalho e à Polícia Federal para que continuem a apuração”, afirmou Gessica.

Condições da planta e falhas operacionais

A planta da Enaex onde ocorreu o acidente apresentava sinais avançados de corrosão e necessitava de manutenções frequentes, muitas das quais eram feitas de maneira improvisada. O frio intenso do dia do acidente também contribuiu para aumentar os riscos operacionais. Os peritos identificaram falhas no controle de temperatura e torque do misturador utilizado na manipulação de substâncias explosivas, o que pode ter causado a explosão.

Qualidade da matéria-prima e comunicações internas

Além das falhas nos equipamentos, a investigação apontou problemas na qualidade da matéria-prima utilizada. Embora a Enaex mantivesse um sistema de comunicação interna para relatar incidentes, problemas semelhantes já haviam ocorrido anteriormente, revelando que as medidas adotadas eram insuficientes para evitar desastres. A explosão, registrada em 12 de agosto, destruiu parte das instalações da empresa e representa uma das maiores tragédias industriais da história recente do Paraná.