O deputado André Ventura, líder do partido Chega, de extrema-direita em Portugal, intensificou a ofensiva contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ventura anunciou que pretende propor ao governo português medidas restritivas contra o ministro, incluindo a proibição de sua entrada no país. A declaração, feita nesta terça-feira (5/8), eleva a tensão entre o político português e autoridades judiciais brasileiras.

Ventura, sem apresentar evidências concretas, acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser um “ditador” e descreveu Moraes como o “braço judicial” do governo. As alegações surgem após a decisão do STF de determinar a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil. A proximidade temporal entre os eventos sugere uma possível motivação política por trás das declarações do líder do Chega.

“Vou propor ao governo que impeça o juiz Alexandre de Moraes de entrar em Portugal, de ter qualquer ligação com Portugal, ou qualquer repercussão nos termos de presença ou patrimônio, em Portugal. Ele tem que perceber que não estamos brincando”, afirmou Ventura em vídeo divulgado em sua conta no X (antigo Twitter). A declaração demonstra a escalada da retórica do parlamentar português contra o ministro do STF.

Moraes já é alvo de sanções nos Estados Unidos, em decorrência de seu envolvimento no julgamento de Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado em 2022. O ex-presidente americano Donald Trump chegou a suspender o visto do ministro e o incluiu na lista de sancionados pela Lei Magnitsky. A iniciativa de Ventura, portanto, ecoa ações similares tomadas em outros países.

Em junho, André Ventura já havia ameaçado investigar o ministro Gilmar Mendes, também do STF, sobre supostas influências, patrimônio e “rede de interesses” do magistrado brasileiro em Portugal. O Chega, liderado por Ventura, é atualmente a segunda maior força política em Portugal, o que confere peso político às suas declarações e ações.