A febre em crianças é uma queixa comum, representando uma parcela significativa das visitas aos pediatras, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Longe de ser uma doença em si, a febre é um sinal de alerta do corpo, indicando que algo pode estar errado. Mas, afinal, quando a febre exige atenção médica imediata e como os pais podem agir em casa?
O aumento da temperatura corporal é uma reação natural do organismo para combater invasores como vírus e bactérias. Frequentemente, a febre se manifesta acompanhada de outros sinais, como calafrios, extremidades frias e respiração acelerada. Essa situação pode gerar ansiedade nos pais, um fenômeno conhecido como “febrefobia”.
É importante ressaltar que a temperatura corporal varia naturalmente ao longo do dia, seguindo o ritmo circadiano. Essa variação pode chegar a 0,5°C em adultos e até 1°C em bebês. Recentemente, a SBP atualizou sua referência para febre, considerando 37,5°C (medida axilar) como um indicativo para estudos clínicos, alinhando-se com padrões internacionais.
“É uma referência para definir febre em estudos clínicos, não para receitar medicamentos”, explica o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da SBP. Essa mudança visa evitar uma falsa sensação de segurança, garantindo uma avaliação mais precisa da condição da criança.
Diante de uma febre, a hidratação adequada é fundamental. A observação atenta do quadro clínico geral da criança é crucial, pois a gravidade da situação não depende apenas da temperatura. O estado geral da criança é o fator determinante para decidir se a medicação é necessária. Se a criança estiver ativa, brincando e se alimentando, a medicação pode não ser imprescindível. No entanto, irritabilidade, choro persistente, falta de apetite ou diminuição da frequência urinária são sinais de alerta que exigem avaliação médica.
Embora muitos associem a febre alta a convulsões, elas geralmente ocorrem em crianças com predisposição, mesmo com febres baixas. Os antitérmicos mais utilizados no Brasil são paracetamol, dipirona e ibuprofeno, que devem ser administrados conforme a dosagem e os intervalos indicados pelo médico, respeitando o peso e a idade da criança. A combinação ou alternância de diferentes medicamentos não é recomendada, devido ao risco de superdosagem.
A busca por atendimento de emergência deve ser guiada pelo desconforto da criança, e não apenas pela temperatura. “Uma febre baixa por si só não é justificativa para ir ao hospital”, afirma o pediatra Claudio Schvartsman. Febre alta persistente, falta de ar, apatia, ausência de resposta aos medicamentos e dificuldade em se alimentar ou beber são sinais de que um atendimento médico imediato é necessário.