Por Dr. João Ricardo Yamasita
Médico – Medicina com Foco Funcional e Regenerativo
O período de final de ano é tradicionalmente associado a celebrações, encontros familiares, viagens e momentos de lazer. Do ponto de vista emocional, é uma fase positiva e necessária. No entanto, biologicamente, também representa um dos períodos de maior sobrecarga para o organismo.
Não é coincidência que muitas pessoas iniciem o novo ano sentindo cansaço persistente, dores musculares, indisposição, queda de energia, baixa imunidade, viroses respiratórias ou gastroenterites debilitantes. Esses sintomas são sinais claros de que algo aconteceu “nos bastidores” do corpo — especialmente no nível celular.
Durante as festas de fim de ano, ocorre uma soma de fatores que favorecem inflamação crônica, estresse oxidativo e disfunção mitocondrial, três processos centrais no envelhecimento precoce e no surgimento de diversas doenças. Entre os principais fatores estão:
Exageros e erros alimentares, com maior consumo de açúcares, gorduras inflamatórias e alimentos ultraprocessados
Festas frequentes e ingestão de bebidas alcoólicas, que aumentam a sobrecarga hepática e prejudicam o metabolismo celular
Exposição intensa ao sol, calor, praia e mar, que elevam a produção de radicais livres e a necessidade de antioxidantes
Viagens prolongadas, muitas vezes com horas sentado — um fator pouco lembrado, mas fortemente associado ao aumento do estresse oxidativo, inflamação vascular e fadiga metabólica
O corpo humano é extremamente adaptável e consegue compensar essas agressões por um período. Porém, a conta dos erros metabólicos costuma aparecer logo depois, especialmente quando já existe algum grau prévio de desequilíbrio.
É importante destacar que o problema não está em celebrar. Celebrar é saudável e fundamental, fortalecer os vínculos e rever os entes queridos é essencial para o bem-estar emocional. O ponto central é compreender que saúde vai muito além da ausência de doença. Ela está diretamente relacionada à capacidade do organismo de se recuperar, se adaptar e se regenerar após períodos de maior exigência.
Nesse contexto, ganha destaque uma nova abordagem de cuidado conhecida como Medicina 3.0, com foco funcional e regenerativo. Diferente do modelo tradicional, que costuma agir apenas quando a doença já está instalada, essa visão busca atuar nas causas profundas, como inflamação silenciosa, estresse oxidativo, disfunções mitocondriais, desequilíbrios metabólicos e neuroinflamação.
Cuidar das células é cuidar da energia.
Cuidar das mitocôndrias é cuidar da vitalidade.
Cuidar do cérebro é preservar foco, criatividade e clareza mental.
O início de 2026 pode ser mais do que uma simples virada de calendário. Pode representar um momento de transformação interna, permitindo que o corpo, a mente e a alma tenham energia, disposição e saúde para criar projetos, concretizar planos e alcançar objetivos ao longo do ano.
Celebrar faz parte da vida.
Mas regenerar é essencial.
E esse cuidado começa no nível mais profundo da nossa biologia: dentro das células.
