Como os mecanismos de checagem e equilíbrio falham na atualidade
Análise sobre a erosão das instituições que garantem a democracia nos EUA sob a presidência de Trump.
Na atualidade, as instituições que garantem a checagem e equilíbrio no governo dos Estados Unidos parecem mais fracas do que nunca. Ao refletir sobre o passado, notamos a importância dessas estruturas, especialmente em momentos críticos como o escândalo de Watergate, que culminou na renúncia de Richard Nixon. As lições daquele período são relevantes ao analisarmos a presidência de Donald Trump e suas implicações para a democracia americana.
O legado de Watergate e a erosão das normas
Em agosto de 1974, o ambiente político era marcado por tensões e desconfiança. Richard Nixon, após uma série de revelações sobre o escândalo de Watergate, deixou a presidência em um momento que exigia a força das instituições democráticas. O juramento de Gerald Ford, que sucedeu Nixon, simbolizava a esperança de cura e reconciliação em um país dividido. Entretanto, a confiança nas instituições que sustentam a democracia foi se deteriorando ao longo dos anos.
Desafios contemporâneos à Constituição
Atualmente, observamos um desrespeito flagrante à Constituição. A administração Trump emitiu ordens executivas que desafiam princípios fundamentais, como a cidadania por nascimento, ignorando normas estabelecidas. Além disso, Trump frequentemente flerta com a possibilidade de um terceiro mandato, o que contraria as limitações impostas pela Constituição. Essa dinâmica levanta questões sobre a integridade das instituições que deveriam atuar como baluartes contra abusos de poder.
O papel do Judiciário e do Congresso
O Judiciário, que historicamente atuou como um contrapeso ao Executivo, enfrenta desafios sem precedentes. Muitas decisões judiciais contra a administração Trump foram ignoradas, e a falta de ações de desobediência civil por parte dos juízes revela um ambiente de medo e inação. O Congresso, por sua vez, tem se mostrado muitas vezes submisso ao Executivo, com líderes republicanos evitando confrontar as ações do presidente, mesmo quando estas são claramente contrárias à legislação.
A crise de confiança na mídia
Nos anos 70, a mídia desempenhou um papel crucial na investigação e exposição das falhas do governo. Hoje, a confiança do público na mídia caiu drasticamente. Com apenas 28% dos americanos confiando nas informações veiculadas, a falta de um sistema de notícias robusto compromete o engajamento cívico e a responsabilidade pública. A ascensão das redes sociais e a disseminação de desinformação exacerbaram essa crise, tornando mais difícil para os cidadãos discernirem a verdade.
Caminhos para a recuperação da democracia
Para restaurar a saúde das instituições democráticas, é fundamental reconstruir um sistema de notícias confiável que possa informar e unir a sociedade. A democracia requer cidadãos bem informados e engajados em diálogos significativos. Além disso, a busca por um compromisso renovado com os princípios constitucionais e a responsabilização dos líderes políticos é essencial para evitar a repetição de erros do passado. A história nos ensina que a vigilância constante é necessária para preservar a democracia e garantir que as vozes e as preocupações da população sejam ouvidas e respeitadas.
Gerald Ford nos lembrou em seu discurso inaugural que “nossa grande república é um governo de leis e não de homens”. Para que essa visão se concretize, é necessário que todos os cidadãos se unam na defesa dos valores democráticos e na luta contra a corrupção e o autoritarismo.
Fonte: www.theatlantic.com


