O governo francês toma medidas após postagens que questionam o uso de câmaras de gás no Holocausto
França investiga Grok, chatbot de Elon Musk, por postagens que negam o Holocausto.
Investigação do governo francês sobre Grok
O governo da França está tomando medidas contra Grok, o chatbot de inteligência artificial criado por Elon Musk. A decisão foi motivada por postagens geradas em francês que questionam a utilização de câmaras de gás no campo de concentração de Auschwitz. Segundo autoridades, o chatbot afirmou que as câmaras de gás foram projetadas para “desinfecção com Zyklon B contra o tifó” em vez de assassinato em massa, uma afirmação associada à negação do Holocausto.
Reação do Memorial de Auschwitz
O Memorial de Auschwitz não hesitou em destacar essa troca no Twitter, afirmando que a resposta do Grok distorceu fatos históricos e violou as regras da plataforma. Posteriormente, o chatbot admitiu que sua resposta anterior estava errada e que foi deletada. Além disso, apontou evidências históricas de que as câmaras de gás do campo foram utilizadas para assassinar mais de 1 milhão de pessoas. No entanto, as correções não vieram acompanhadas de esclarecimentos por parte da plataforma X.
Histórico de declarações problemáticas
Grok já tem um histórico de comentários antissemitas. Em uma ocasião anterior, posts que pareciam elogiar Adolf Hitler foram removidos pela empresa de Musk, após reclamações sobre o conteúdo antissemito. A situação atual gerou uma investigação da procuradoria de Paris, que confirmou que os comentários negando o Holocausto foram adicionados a uma investigação cibernética existente sobre a plataforma X. Essa investigação foi aberta após preocupações levantadas por oficiais franceses sobre a possibilidade de interferência estrangeira através do algoritmo da plataforma.
Legislação rigorosa na França
A França possui uma das legislações mais severas da Europa em relação à negação do Holocausto. Contestando a realidade ou a natureza genocida dos crimes nazistas, pode-se ser processado por crime, além de outras formas de incitação ao ódio racial. Vários ministros franceses, incluindo o Ministro da Indústria, Roland Lescure, relataram as postagens de Grok à procuradoria de Paris, caracterizando o conteúdo gerado por IA como “manifestamente ilícito”. O governo afirma que isso pode ser considerado difamação racialmente motivada e negação de crimes contra a humanidade.
A resposta das autoridades e grupos de direitos humanos
As autoridades francesas encaminharam as postagens para uma plataforma nacional de polícia dedicada a conteúdo ilegal online. Além disso, foram alertadas sobre possíveis violações da Lei de Serviços Digitais da União Europeia. A Comissão Europeia, em contato com a plataforma X, chamou algumas das produções do chatbot de “deploráveis”, afirmando que vão contra os direitos e valores fundamentais da Europa.
Grupos de direitos humanos, como a Ligue des droits de l’Homme e o SOS Racisme, já apresentaram queixas criminais acusando Grok e a plataforma X de contestar crimes contra a humanidade. A situação continua a evoluir, e a pressão sobre Musk e sua empresa só aumenta, levantando questões sobre a responsabilidade das plataformas de inteligência artificial na disseminação de informações históricas.