Setor vive expansão e exige análise técnica e análise de fluxo para novas unidades
O setor de franquias segue crescendo em ritmo acelerado no Brasil e fortalecendo sua posição como um dos pilares da economia brasileira em 2025. De acordo com os dados mais recentes divulgados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o franchising alcançou faturamento de R$ 76 bilhões no terceiro trimestre do ano, uma expansão de 9,1% em comparação ao mesmo período de 2024. Com esse resultado, o setor atingiu R$ 293 bilhões no acumulado de 12 meses, crescimento de 10,8% em relação ao período anterior. O desempenho consolida a continuidade da expansão observada no primeiro semestre, quando o mercado havia movimentado mais de R$ 135,8 bilhões, impulso que se manteve ao longo do ano graças ao avanço de serviços essenciais, alimentação e modelos de investimento acessível.
Além dos resultados financeiros, o franchising ultrapassa 1,747 milhão de empregos diretos, reforçando sua relevância social e econômica. O número de operações ativas também continua em expansão, impulsionado pela combinação entre profissionalização das redes e maior interesse de novos empreendedores em negócios mais estruturados e com suporte contínuo. Entre os segmentos que mais cresceram no terceiro trimestre estão Limpeza e Conservação (+14,5%), Saúde, Beleza e Bem-Estar (+13,1%), além de Alimentação – Comércio e Distribuição (+12,7%). O Food Service permanece como um dos grandes motores do varejo de franquias, refletindo mudanças de comportamento do consumidor e maior busca por conveniência.
Porém, como todo negócio, é importante estar atento e reforçar os cuidados na hora da escolha. O ponto comercial, por exemplo, é considerado etapa crucial para o bom desempenho das operações. Além disso, a decisão envolve análise urbana, comportamento do consumidor, concorrência direta e indireta, além de projeções financeiras específicas para cada marca. Segundo especialistas, a expansão do segmento amplia a disputa por locais estratégicos e exige decisões cada vez mais baseadas em dados.
Para Matheus Krauze, sócio-fundador da SOFT Ice Cream, a escolha do ponto é um dos pilares que definem o desempenho da unidade. “Independentemente do produto, o local é o primeiro fator a ser analisado. Conhecer quem passa por aquele espaço, em quais horários e por qual motivo permite entender se aquele ponto tem potencial real de consumo”, afirma. Segundo ele, acessibilidade, áreas sombreadas e fluxo de pedestres são determinantes para negócios de alimentação. “Nossas unidades têm áreas internas reduzidas, por isso priorizamos locais com bom espaço externo, áreas de descanso e circulação confortável”, complementa.
A mesma visão é compartilhada por André Henning, sócio-fundador da Go Coffee. Para ele, a validação do endereço deve envolver franqueado e franqueadora. “É natural que o franqueado queira abrir rapidamente sua loja, mas nosso papel é avaliar se o ponto realmente atende às necessidades da marca. Um aluguel baixo pode parecer atraente inicialmente, mas se a região não tiver o fluxo adequado ou não conversar com o perfil de público, o impacto sobre o faturamento é imediato”, explica. Henning reforça que análises geográficas e estudos de viabilidade são essenciais para decisões assertivas.
Mas, apesar de ser um ponto crucial, abrir uma franquia vai muito além de escolher um bom ponto comercial. É essencial analisar a força da marca, estudar a COF com atenção e entender se o modelo realmente combina com o seu perfil de gestão. “Avalie a reputação da franqueadora, o suporte que ela oferece, o treinamento, as regras do contrato e a transparência das informações financeiras. Também considere os custos fixos e variáveis, o capital de giro necessário para operar nos primeiros meses e o prazo realista para retorno do investimento”, destaca Henning.
Outro fator decisivo é a análise do público-alvo e do comportamento de consumo na região. Entenda se há demanda suficiente, como está a concorrência e se o ticket médio faz sentido para o perfil local. Verifique ainda se existe exclusividade territorial, como a franqueadora lida com novas unidades e se o mercado do segmento está em crescimento. “Quanto mais completa for essa análise, maiores as chances de transformar o investimento em um negócio sólido e lucrativo”, completa Krauze.



