Análise sobre a letalidade da ação policial e suas consequências
O governo federal critica a operação que deixou 119 mortos no Rio, defendendo uma abordagem mais inteligente contra o crime organizado.
Em 29 de outubro de 2025, o governo federal criticou a megaoperação policial que deixou 119 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. A ação, considerada a mais letal da história do estado e do século 21 no Brasil, superou o massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, que resultou em 111 mortes. O governo, por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais, argumenta que matar não resolve o problema do crime organizado.
Críticas à abordagem violenta
No vídeo intitulado “Explicando a operação policial no Rio de Janeiro com inteligência”, o governo reconhece a gravidade do problema do crime, mas critica a estratégia de operações de confronto. A mensagem ressalta que, mesmo que todos os envolvidos sejam considerados bandidos, novos grupos criminosos surgirão rapidamente. “Tem que atacar o cérebro e o coração dos grupos criminosos”, enfatiza o texto. Essa abordagem reflete uma mudança de foco: em vez de apenas confrontar fisicamente os criminosos, a proposta é atacar suas estruturas de poder e financiamento.
Proposta de Emenda à Constituição
O governo também mencionou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que visa ampliar o papel da União nas políticas de segurança. A PEC, enviada ao Congresso em abril, propõe a criação de mecanismos de controle para as forças policiais e a integração das corporações. Embora a proposta tenha potencial para transformar a segurança pública, ela enfrenta resistência de governadores, incluindo o do Rio, que defendem maior autonomia.
Reunião de emergência
Na mesma data, o presidente Lula convocou uma reunião de emergência no Palácio da Alvorada. Durante o encontro, determinou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, viajassem ao Rio para dialogar com o governador Cláudio Castro. A reunião resultou na criação de um escritório emergencial de combate ao crime organizado, que funcionará como um fórum de decisões rápidas entre as autoridades federais e estaduais, visando uma abordagem mais coordenada e menos letal no enfrentamento ao crime.