Movimento convocado pelas centrais sindicais CGTP e UGT protesta contra mudanças na legislação trabalhista
Uma greve geral afeta transportes, escolas e hospitais em Portugal nesta quinta-feira.
Greve geral em Portugal: uma resposta contundente às mudanças trabalhistas
Portugal enfrenta nesta quinta-feira (11/12) uma greve geral histórica, a primeira em 12 anos convocada em conjunto pelas duas maiores centrais sindicais do país, CGTP e UGT. A “greve geral em Portugal” é uma reação direta ao controverso pacote trabalhista apresentado pelo governo de Luís Montenegro, que propõe mais de cem mudanças na legislação laboral.
Os efeitos da greve começaram ainda na noite dessa quarta-feira (10/12) e se intensificaram nas primeiras horas da manhã. Os trens foram os primeiros a registrar problemas, com parte da circulação interrompida durante duas horas no período da manhã, especialmente na região do Porto, onde quase metade das linhas foi suspensa.
A CP, empresa responsável pela operação, funciona apenas com serviços mínimos até esta sexta-feira (12/12), e muitos passageiros enfrentaram atrasos significativos. Para tentar minimizar o caos, empresas e trabalhadores acordaram tolerar atrasos ou optar pelo home office.
Impactos no transporte coletivo e na aviação
Em Lisboa, o metrô não abriu as portas, permanecendo totalmente fechado desde as 6h da manhã. No Porto, apenas a linha amarela funcionou, enquanto todas as outras estavam interrompidas. A Carris, empresa responsável pelos ônibus em Lisboa, operou com uma frota reduzida, e os intervalos entre os veículos aumentaram consideravelmente. No setor aéreo, a TAP opera apenas um terço dos seus voos programados, enquanto a companhia angolana TAAG cancelou o voo diurno para Lisboa, aumentando as dificuldades para os passageiros.
Efeitos nas escolas e no setor da saúde
Muitas escolas em Portugal estão fechadas, gerando confusão para os pais, que foram avisados sobre a possibilidade de paralisação. A Fenprof, maior federação de professores, já esperava uma adesão expressiva, o que se confirmou. O setor da saúde, que já enfrentava problemas antes da greve, viu a situação se agravar. Com tempos de espera em emergências que chegam a 15 horas, muitos serviços estão operando apenas em situações de emergência.
As reclamações e propostas do governo
A proposta do governo traz mais de cem mudanças na legislação trabalhista, que geraram amplo descontentamento. Entre os pontos mais criticados estão a imposição de 150 horas extras obrigatórias por ano e a extensão do tempo de contratos temporários, que passaram de dois para três anos. Os sindicatos argumentam que essas mudanças significam uma perda de direitos históricos, especialmente para mulheres e trabalhadores mais vulneráveis.
Enquanto isso, o governo defende que as mudanças são necessárias para “modernizar” o mercado de trabalho e aumentar a competitividade de Portugal. Segundo pesquisas, 61% dos portugueses apoiam a greve geral, mas a paralisação ocorre em um mês de intenso movimento nas cidades, deixando muitos sem opções de deslocamento.
Conclusão
A proposta de revisão trabalhista, chamada “Trabalho XXI”, foi apresentada em 24 de julho. À medida que as discussões avançavam, CGTP e UGT passaram a ver o pacote como uma ameaça aos direitos trabalhistas, levando à convocação desta greve, a primeira conjunta desde 2013. Mesmo após tentativas de negociação, o governo não parece disposto a estender o debate indefinidamente, buscando avançar com as mudanças propostas na Assembleia da República nos próximos meses.
Fonte: www.metropoles.com



