Greve na Construção Civil Ameaça Obras da COP30 em Belém

A contagem regressiva para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em Belém, Pará, em novembro, enfrenta um novo desafio. Trabalhadores da construção civil e do setor mobiliário da capital paraense iniciaram uma greve nesta terça-feira (16/9), impactando diretamente obras cruciais para a realização do evento internacional. A paralisação ocorre em um momento crítico, a menos de dois meses da chegada de líderes mundiais à cidade.

Centenas de operários de Belém, Ananindeua e Marituba aderiram ao movimento, concentrando-se inicialmente na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil. Em seguida, os manifestantes seguiram em direção à sede do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), no centro da cidade, buscando pressionar por suas reivindicações. A insatisfação salarial é o principal motor da paralisação.

A greve foi deflagrada após a rejeição da proposta patronal de reajuste salarial e benefícios, considerada aquém das necessidades da categoria. Os trabalhadores buscam melhorias significativas em suas condições de trabalho e remuneração, em um contexto de grandes investimentos públicos direcionados à realização da COP30. A disparidade entre o volume de recursos e a oferta salarial tem gerado forte descontentamento.

Entre as principais demandas dos grevistas estão o aumento do piso salarial, um reajuste de 30% na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a elevação do valor da cesta básica para R$ 270, a promoção de mulheres no setor e melhorias gerais nas condições de trabalho. Cleber Rabelo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, expressou indignação com a proposta salarial, afirmando: “É um absurdo. O governo federal está investindo R$ 4,7 bilhões nessas obras da COP, o governo do estado e municipal R$ 1,3 bilhão e quer dar 5,5% de aumento para os trabalhadores”.

Atenar Lopes, coordenador do sindicato, reforçou a crítica à alocação de recursos, questionando o legado da COP30 para os trabalhadores. “Nós estamos denunciando aqui os bilhões que o governo federal investiu e também o governo estadual… essa enganação de clima que na verdade derrama dinheiro para a corrupção”, declarou. A paralisação afeta diretamente projetos como a construção da Vila COP30, destinada a abrigar chefes de Estado, e o Parque da Cidade, local central para as negociações internacionais.

O impacto da greve se estende à Vila COP30, no bairro Marco, e ao Parque da Cidade, local que passou por fechamento ao público em agosto para a instalação das áreas Blue Zone e Green Zone. O Metrópoles buscou um posicionamento do Governo do Pará sobre a situação, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto para manifestações.

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