Grupos de Autoajuda Anônimos do Paraná Buscam Visibilidade para Ampliar Alcance

A importância da visibilidade, mesmo mantendo o anonimato de seus membros, foi o tema central da audiência pública “Dando Voz aos Anônimos: ‘Só por Hoje’”, realizada na Assembleia Legislativa do Paraná. Representantes e gestores de grupos como Narcóticos Anônimos (NA), Alcoólicos Anônimos (AA) e outros, compartilharam suas experiências e a necessidade de fortalecer o trabalho de apoio a dependentes.

O deputado Gilberto Ribeiro, organizador do evento, enfatizou a importância de debates para auxiliar pessoas que enfrentam a dependência. Ribeiro é autor de um projeto de lei que visa reconhecer o relevante interesse público das irmandades AA, NA, Neuróticos Anônimos (N/A), Al-Anon e Alateen no estado. A proposta, em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), busca valorizar e dar visibilidade ao trabalho desses grupos.

Durante a audiência, os participantes apresentaram a história das organizações, desde sua origem até sua chegada ao Brasil e ao Paraná. O psiquiatra Luiz Renato Carazzai, especialista em alcoolismo e dependência química e ex-membro de AA, detalhou os princípios que norteiam os grupos, como a filosofia dos 12 passos, a autonomia e a autogestão. Ele destacou a importância do comprometimento individual para o benefício do grupo como um todo, com os participantes servindo como modelos uns para os outros. Carazzai ainda sugeriu que, embora os membros permaneçam anônimos, os grupos deveriam atuar mais na prevenção, informando sobre as consequências do abuso em empresas e escolas.

Briza Feitosa Menezes, psicóloga do Tribunal de Justiça do Paraná com atuação em AA, ressaltou a necessidade de divulgar o trabalho dos grupos, que somam 65 na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A maior visibilidade, segundo ela, pode ajudar a combater o estigma associado ao alcoolismo. Lylian Mary Fagundes da Silva, representante dos NA, detalhou a presença da organização em mais de 140 países, com mais de cinco mil reuniões semanais no Brasil. No Paraná, os 84 grupos de NA realizam mais de 220 reuniões semanais e promovem ações de conscientização.

João Aguinaldo Mendonca, psicanalista e representante dos N/A, explicou que o grupo, criado no Brasil em 1969, oferece apoio a pessoas cujas emoções interferem em seu comportamento. Marilia Kravetz, representando o Al-Anon e Al-Teen, destacou o papel dos grupos no apoio a familiares e amigos de dependentes químicos, abordando problemas como obsessão, raiva, ansiedade, negação, culpa e vergonha. Os grupos, que somam 55 no Paraná, buscam levar força e esperança através do compartilhamento de experiências e da literatura específica.

O diretor do Departamento de Políticas sobre Drogas de Curitiba, João Eduardo Cruz, também participou do evento, alertando para o aumento do vício em jogos impulsionado pelas plataformas de apostas esportivas online.

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