Ministro da Fazenda defende fortalecimento das cadeias produtivas após redução de tarifas por Trump
Haddad defende maior integração da cadeia mineral brasileira com os EUA após redução de tarifas por Trump.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu na quinta-feira (20) uma maior integração da cadeia produtiva mineral brasileira com a americana. A declaração ocorreu em um vídeo ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), logo após o presidente Donald Trump anunciar o fim da sobretaxa de 40% sobre produtos do agronegócio brasileiro.
“O que interessa não é esse tipo de sanção ou mal-entendido. O que interessa é adensar as cadeias produtivas, aproveitar nossos minerais para produzir baterias, carros elétricos e energia limpa aqui”, afirmou Haddad.
Contexto das tarifas e suas implicações
O fim da sobretaxa de Trump foi visto como um avanço por economistas, mas a indústria e o setor de pescados ainda enfrentam penalidades. A decisão é considerada um marco nas relações comerciais, especialmente em um cenário onde o fornecimento seguro de terras raras aos Estados Unidos se torna um tema central.
Em outubro, o encarregado de Negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu com autoridades do setor para discutir a criação de um grupo de trabalho que abordasse essa questão. A articulação se tornou ainda mais relevante após a China restringir a exportação de terras raras, um recurso estratégico na cadeia produtiva global.
Domínio da China na produção de terras raras
Atualmente, a China domina a produção global de minerais raros, com cerca de 60% da mineração ocorrendo em seu território. O dado mais alarmante é que 91% do refino mundial é feito por empresas chinesas, que também são responsáveis por 94% da produção de ímãs permanentes utilizados em setores estratégicos, como defesa e tecnologia.
A Agência Internacional de Energia (IEA) classificou essa concentração como um risco geopolítico severo. O domínio chinês permite a influência sobre preços e o controle de acesso a concorrentes, afetando diretamente setores como semicondutores e veículos elétricos.
O papel do Brasil no cenário global
Nesse contexto, o Brasil se destaca por possuir a segunda maior reserva de terras raras do mundo, mas atualmente extrai e refina quase nada desse recurso. A falta de um marco regulatório específico para o setor dificulta o desenvolvimento da cadeia produtiva. No entanto, empresas ocidentais já estão investindo no país, como a australiana Viridis Mining & Minerals, que anunciou a construção de um centro de pesquisa e processamento de terras raras em Poços de Caldas (MG).
A Viridis busca consolidar o Projeto Colossus, no sul de Minas Gerais, como uma alternativa ocidental na cadeia global de minerais críticos. O governo brasileiro, por sua vez, rejeita a ideia de que o país se torne apenas um exportador de matéria-prima, focando em atrair transferência tecnológica e estimular a industrialização local.
Conclusão
A proposta de Haddad de integrar o setor mineral brasileiro com os EUA surge em um momento crítico, onde a geopolítica e a economia verde se entrelaçam. O Brasil, com suas vastas reservas, pode se tornar um player-chave na transição global para tecnologias sustentáveis, desde que consiga desenvolver sua capacidade de extração e refino de minerais raros.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Fonte: Fernando Haddad, ministro da Fazenda • Diogo Zacarias/MF