Método complementar ganha espaço como alternativa terapêutica para transtornos ansiosos
A hipnose clínica se torna uma alternativa no tratamento da ansiedade, oferecendo novas abordagens terapêuticas.
Hipnose clínica como alternativa no tratamento da ansiedade
A hipnose clínica, também conhecida como hipnoterapia, tem ganhado destaque como uma opção terapêutica no tratamento da ansiedade. A ansiedade, um dos maiores desafios de saúde mental do século XXI, afeta milhões de brasileiros, prejudicando sono, concentração e relacionamentos. Este quadro alarmante, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), coloca o Brasil entre os países com maior incidência de transtornos ansiosos.
Durante as sessões de hipnose, o paciente entra em um estado de foco e relaxamento, permitindo o acesso a conteúdos inconscientes e a reorganização de respostas emocionais que alimentam a ansiedade. Júnior Silva, hipnólogo e psicanalista, afirma que “a hipnose clínica atua acessando padrões emocionais que o consciente não alcança sozinho”. Contudo, ele destaca que a técnica não é apropriada para todos os casos, sendo mais eficaz quando a origem emocional do transtorno é acessível ao subconsciente.
Eficácia da hipnose em casos específicos
O médico psiquiatra Marco Abud ressalta que a hipnose clínica pode ser eficaz em situações específicas, como na ansiedade relacionada a procedimentos médicos e em fobias pontuais. No entanto, ele adverte que a hipnose não deve ser vista como tratamento de primeira linha para transtornos de ansiedade. “Ela pode ser útil como adjuvante, mas não se compara a terapias mais bem estabelecidas”. O risco de buscar a hipnose como única solução é um tema recorrente entre os especialistas.
Abud enfatiza que, embora algumas pessoas possam experimentar melhorias rápidas, isso é mais provável em quadros muito específicos. A maioria dos casos não apresenta uma cura em uma única sessão, sendo necessário um acompanhamento contínuo para resultados efetivos. Além disso, a hipnose pode gerar efeitos colaterais se mal aplicada, incluindo a possibilidade de criar falsas memórias.
Cuidados e contraindicações na hipnoterapia
A hipnose não substitui tratamentos tradicionais, como a terapia cognitivo-comportamental ou a prescrição médica. Silva e Abud concordam que a hipnose deve ser usada com responsabilidade clínica, nunca como substitutiva de abordagens mais robustas. Pacientes com transtornos dissociativos graves ou quadros psicóticos devem evitar a hipnose sem supervisão médica.
A avaliação do histórico emocional é crucial antes de iniciar o processo. Abud sugere que, em casos de sofrimento intenso, o primeiro passo deve ser buscar um diagnóstico com um profissional de saúde mental qualificado. Tratar apenas com hipnose sem uma abordagem abrangente pode atrasar a intervenção necessária.
A importância da personalização no tratamento
Embora muitos pacientes relatem mudanças significativas já nas primeiras sessões, a quantidade de encontros varia conforme a complexidade emocional de cada indivíduo. Silva destaca que “cada paciente tem um mapa emocional único” e que não existe um protocolo padrão para a hipnose. Um exemplo marcante de sucesso foi o tratamento de uma paciente com pânico ao dirigir, onde uma memória bloqueada relacionada a um trauma foi identificada e tratada.
Contudo, Abud alerta que casos como esse não devem criar expectativas irreais sobre a eficácia da hipnose em todos os quadros de ansiedade. A expectativa de resultados rápidos sem o devido acompanhamento multidisciplinar pode levar a frustrações e à falta de tratamento adequado.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Fonte: Hipnose pode ajudar em alguns casos de ansiedade • Getty Images