O advogado Nelson Wilians, investigado pela Polícia Federal em operação que prendeu o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes e o empresário Maurício Camisotti, realizou uma doação de R$ 10 mil para a campanha do senador Rogério Marinho em 2018.
Rogério Marinho, atual líder da oposição no Senado, integrou o governo anterior como secretário especial da Previdência e é membro da CPMI que apura fraudes nos descontos de aposentadorias.
Nelson Wilians é investigado por suspeita de lavagem de dinheiro para Maurício Camisotti, empresário apontado como beneficiário final de entidades sob investigação por supostamente fraudar filiações de aposentados para aplicar descontos indevidos. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão no escritório do advogado.
A relação de Wilians com a política é conhecida, tendo realizado doações para campanhas de outros políticos, incluindo o ex-prefeito e ex-governador João Doria.
Desde 2014, Wilians fez doações para sete políticos. Rogério Marinho é o único integrante, entre titulares e suplentes, da CPMI do INSS a ter recebido doações de Wilians. O senador afirmou que a doação seguiu todos os procedimentos legais e não influencia sua atuação parlamentar. Nelson Wilians não se pronunciou sobre as doações.
A CPMI do INSS investiga fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões. A participação de Rogério Marinho, que atuou na área da Previdência durante o período em que as fraudes ocorreram, já foi questionada.
Existem pedidos na CPMI para que Nelson Wilians preste depoimento e para que o Coaf envie um relatório de informações financeiras sobre o advogado.
Nelson Wilians movimentou R$ 4,3 bilhões em operações consideradas suspeitas entre 2019 e 2024. Entre as transações suspeitas, constam R$ 15 milhões repassados a Maurício Camisotti, que ambos alegam ser referentes à venda de um terreno. Os pedidos para convocação de Nelson Wilians e o envio do relatório do Coaf ainda não foram apreciados pela CPMI.
A assessoria de Rogério Marinho informou que a doação de Nelson Wilians representou 0,5% do total de recursos gastos em sua campanha a deputado federal em 2018 e que não interfere em sua atuação.
A defesa de Nelson Wilians declarou que ele tem colaborado com as autoridades e confia em sua inocência, afirmando que sua relação com um dos investigados é estritamente profissional e legal.
A defesa de Maurício Camisotti classificou sua prisão como “arbitrária” e informou que adotará medidas legais para reverter a situação.