Entenda como os cat bonds podem ser uma alternativa lucrativa em um cenário de desastres naturais crescentes.

Cat bonds atraem investidores em meio a desastres naturais crescentes, oferecendo retornos atraentes, mas com riscos elevados.

Cat bonds: uma alternativa de investimento em tempos de crise climática

Com a intensificação de desastres naturais, os cat bonds, ou títulos de catástrofe, têm se tornado um tema quente entre investidores. Esses instrumentos financeiros, criados nos anos 90 no mercado dos EUA, são emitidos por seguradoras e governos para cobrir custos relacionados a desastres naturais. A ideia é que, ao adquirir um cat bond, o investidor espera não acionar o pagamento, o que significaria um retorno sobre o capital investido. Em caso de um desastre que acione o título, o emissor retém o capital para cobrir os custos.

O apelo dos cat bonds em um mundo em crise

Recentes eventos climáticos, como o furacão Melissa, destacam a relevância desses títulos. Conforme os gastos com ajuda humanitária em países ricos diminuem, os cat bonds oferecem uma forma de os governos reduzirem custos com seguros. Isso se torna crucial em um contexto onde dívidas governamentais aumentam devido à recorrência de desastres naturais. Para os investidores, as vantagens incluem altos rendimentos e a diversificação de portfólios, uma vez que esses títulos têm baixa correlação com os mercados financeiros tradicionais.

Riscos e complexidades dos cat bonds

Entretanto, é importante frisar que os cat bonds não são adequados para investidores inexperientes. Especialistas alertam que a compreensão dos riscos envolvidos é fundamental. Maren Josefs, analista de crédito da S&P Global, enfatiza que muitos investidores erroneamente acreditam que estão investindo apenas em grandes desastres, quando na verdade eventos de menor escala, como tornados e incêndios florestais, têm se tornado mais frequentes, resultando em prejuízos inesperados.

O mercado global de cat bonds

Atualmente, o mercado global de cat bonds está avaliado em aproximadamente $57,9 bilhões. Apesar do aumento do risco climático, os retornos desses ativos foram historicamente fortes em 2023 e 2024, alcançando 20% e 17%, respectivamente. Essas taxas de retorno são impulsionadas pelo fato de que os investidores só pagam se certas condições forem atendidas.

Acesso aos cat bonds para investidores de varejo

Embora os investidores institucionais dominem o mercado, há caminhos para que investidores de varejo tenham acesso indireto a esses produtos. O surgimento do primeiro ETF que investe em cat bonds na Bolsa de Nova York é um exemplo disso. No entanto, na União Europeia, o acesso direto a cat bonds permanece restrito, sendo mais viável por meio de fundos mútuos que investem parcialmente nesses títulos.

O futuro dos cat bonds na Europa

As recomendações da Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados (ESMA) sobre a inclusão de cat bonds em fundos de investimento estão gerando discussões sobre os riscos para investidores não profissionais. A decisão sobre a possibilidade de ampliar a exposição a esses ativos será discutida em 2026, mas a aceitação desses títulos no mercado europeu ainda é incerta. Especialistas acreditam que, embora o interesse seja crescente, a popularidade dos cat bonds na Europa ainda está por se consolidar.