Economistas alertam sobre a combinação perigosa de altas em ouro e tecnologia.
Economistas alertam que uma bolha dupla de preços em ouro e ações de tecnologia pode impactar severamente os investimentos.
O cenário atual dos investimentos apresenta um alerta significativo para os investidores em 2025. A combinação da alta nos preços do ouro e a valorização das ações de tecnologia está criando uma situação de risco, descrita por economistas como uma “bolha dupla”. O Banco de Compensações Internacionais (BIS) adverte que tanto os preços do ouro quanto das ações estão em “território explosivo”, o que pode levar a correções bruscas nos mercados financeiros.
O contexto das altas de preços
O preço do ouro subiu 61% neste ano, ultrapassando £3,200 por onça, embora tenha recuado um pouco desde o recorde de £3,250 em outubro. Simultaneamente, o S&P 500, índice que representa as principais ações dos Estados Unidos, viu um aumento de 16%, impulsionado pelo entusiasmo em torno da inteligência artificial e pela performance de grandes empresas tecnológicas conhecidas como as “Sete Magníficas”. Essas empresas, que incluem gigantes como Google, Amazon e Apple, compõem quase 35% do S&P 500. Essa concentração levanta preocupações sobre a sustentabilidade desse crescimento e se as ações estão superavaliadas.
Preocupações sobre a valorização das ações
Analistas como Laith Khalaf, da AJ Bell, sugerem que investidores com receio da exposição ao setor de tecnologia devem considerar a diversificação de suas carteiras, alocando fundos em setores e regiões menos voláteis. A comparação com a bolha da internet no início dos anos 2000 é inevitável, visto que o índice S&P 500 atualmente apresenta um índice preço/lucro (p/e) de 27.5, próximo ao máximo de 30.9 antes do colapso da bolha das dotcom.
Nick Britton, da Associação de Companhias de Investimento (AIC), também expressou preocupações sobre a alta concentração do mercado em poucas ações, indicando que um terço dos gestores de trusts de investimento está cauteloso quanto a uma possível bolha, mesmo que muitos ainda esperem crescimento contínuo em 2026.
Alternativas de investimento e mercados internacionais
Diante desse cenário de incerteza, Niamh Brodie-Machura, da Fidelity, recomenda considerar ações europeias e japonesas, que têm se mostrado mais atraentes em termos de avaliação. Com a inflação em queda e taxas de juros mais baixas na Europa, o índice Stoxx 600, que representa as maiores empresas do continente, apresenta um p/e de cerca de 18, significativamente inferior ao dos EUA. O Japão, por sua vez, vê um renascimento econômico, com o índice Nikkei 225 alcançando um p/e de cerca de 17 e um crescimento de 25.6% neste ano.
Os mercados emergentes, como China, Taiwan, Índia e Brasil, também têm se destacado, com retornos médios de 25% no ano, oferecendo uma alternativa viável para os investidores que buscam diversificação.
Considerações sobre segurança e estratégias de mitigação
Tradicionalmente, o ouro é visto como uma reserva de valor em tempos de incerteza. Com a forte valorização do ouro e de outros metais preciosos, os investimentos em trusts que focam em commodities tiveram os melhores retornos do setor, com uma média de 44%. O BIS observa que essa valorização do ouro é peculiar, pois normalmente ele é menos atrativo quando os preços das ações estão em alta.
Para os investidores preocupados com a volatilidade das ações e do ouro, uma alternativa pode ser a alocação em títulos, que oferecem retornos mais atraentes do que em anos anteriores. Os fundos de multi-ativos, que diversificam entre ações, títulos e outros ativos, também são uma opção para quem prefere uma abordagem menos ativa. Por fim, os fundos de mercado monetário, que investem em caixa ou títulos de curto prazo, têm se tornado populares, especialmente entre investidores que buscam segurança em seus investimentos.
Em resumo, o cenário atual exige cautela e uma avaliação cuidadosa das opções de investimento, considerando a possibilidade de uma correção brusca nos mercados devido à bolha dupla que se forma em 2025.



