Jornalista de Gaza denuncia ‘impunidade total’ e acusa Israel de mirar em profissionais da imprensa: ‘Somos todos terroristas aos olhos deles’

O jornalista palestino Rami Abou Jamous, fundador do Gaza Press, expressou sua indignação após o ataque que vitimou seis colegas jornalistas em Gaza no último domingo. Em entrevista à RFI, Jamous denunciou a alegada “impunidade total” das forças israelenses e apelou pela proteção dos profissionais que persistem na cobertura da guerra na região. A Faixa de Gaza enfrenta não apenas a crise humanitária e a fome, mas também a perda de seus jornalistas, que transmitem os horrores do conflito ao mundo.

O ataque de domingo teve como alvo uma tenda onde trabalhavam jornalistas, incluindo Anas al Sharif, correspondente da Al Jazeera. Israel confirmou que Al Sharif era o alvo principal, alegando que ele era um “terrorista” disfarçado de jornalista. A acusação gerou indignação, levando a ONU e a União Europeia a questionarem as alegações israelenses.

Para a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Al Sharif era “a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinos de Gaza”. No entanto, Jamous argumenta que tais denúncias têm pouco efeito prático. “É preciso parar a guerra, proteger os civis e a imprensa em Gaza. Mais de 200 jornalistas foram mortos durante esta guerra e, infelizmente, reina uma impunidade total”, lamenta.

De acordo com a RSF, pelo menos 45 jornalistas foram mortos enquanto trabalhavam na Faixa de Gaza, uma situação que não surpreende Jamous. “Somos todos terroristas aos olhos dos israelenses e, principalmente, do exército de ocupação”, afirma o jornalista. Jamous questiona as alegações de que Al Sharif teria ligação com o Hamas, argumentando que sua presença constante nas câmeras da Al Jazeera impossibilitava o envolvimento em atividades militares.

“Anas al Sharif estava 24 horas por dia na frente das câmeras da Al Jazeera, fazendo lives, reportagens. Como ele teria tempo para lançar foguetes ou qualquer outra coisa?”, questiona Jamous. Ele também critica a “inversão de papéis”, apontando para jornalistas que tiram fotos com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que enfrenta um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional.

Jamous alerta ainda para os riscos enfrentados pelos jornalistas que permanecem cobrindo o conflito em Gaza. Ele acredita que todos os profissionais da imprensa são alvos das operações israelenses. “Esse exército de ocupação quer cometer seus crimes sem testemunhas. E a prova disso: não quer que jornalistas estrangeiros entrem em Gaza. Quanto aos jornalistas que já estão em Gaza, querem enterrá-los – porque com o enterro deles, enterra-se também a verdade”, conclui.

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