Juiz determinou internação de jovem que morreu após invasão de jaula de leoa

Ordem judicial para internação psiquiátrica de Gerson 'Vaqueirinho' não foi cumprida antes da tragédia

Juiz da Paraíba determinou internação psiquiátrica de jovem com esquizofrenia antes de invasão fatal em jaula de leoa, mas ordem não foi cumprida.

Ordem judicial para internação psiquiátrica não foi cumprida antes da tragédia

Em João Pessoa, na Paraíba, a internação psiquiátrica de Gerson “Vaqueirinho” foi determinada pelo juiz Rodrigo Marques Silva Lima, da 6ª Vara Criminal, semanas antes do jovem de 19 anos invadir a jaula de uma leoa e morrer após o ataque do animal. O jovem, diagnosticado com esquizofrenia, tinha um histórico de pobreza extrema, abandono familiar e 16 passagens pela polícia. A internação psiquiátrica era vista como necessária para garantir sua segurança e tratamento, mas a decisão judicial acabou não sendo executada.

Histórico de vida marcado por abandono, problemas de saúde mental e violência

Gerson de Melo Machado era conhecido por seu comportamento inquieto e histórico de crises relacionadas a transtornos mentais. Um mês antes da tragédia, ele já havia quebrado o portão do Centro Educacional de Adolescentes, o que motivou a decisão judicial para sua internação em um Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) por, no mínimo, um ano. Apesar disso, em 24 de novembro, ele foi detido novamente por vandalismo, mas a juíza Michelini de Oliveira Dantas Jatobá o liberou durante audiência de custódia.

A trajetória de Gerson é marcada pela ausência de apoio familiar: filho de mãe com esquizofrenia, cresceu em ambiente fragilizado, passando por violações de direitos e extrema pobreza. O jovem frequentemente perambulava sozinho e chegou a ser resgatado enquanto caminhava por uma rodovia federal. Ele tentava contato com a mãe, embora ela não tivesse condições emocionais para cuidar dele, e fugia de abrigos na tentativa de reencontrá-la.

Sonho recorrente de domar leões simboliza desejo e tragédia

Desde a infância, Gerson manifestava o sonho de viajar para a África para “domar leões” — um desejo que acabou sendo fatídico. Na adolescência, tentou entrar clandestinamente no trem de pouso de um avião em João Pessoa, demonstrando um comportamento de risco. A obsessão pelo sonho o acompanhou até o último domingo, quando invadiu a jaula da leoa no zoológico improvisado e foi fatalmente atacado.

Reflexos das falhas no sistema de saúde mental e da vulnerabilidade social

A morte de Gerson simboliza uma vida inteira marcada pelo desamparo e pela falta de suporte institucional e familiar. Segundo Verônica Oliveira, conselheira tutelar que acompanhava o jovem desde os 10 anos, ele era uma criança perdida, sem tratamento adequado e sem uma família estruturada. A tragédia evidencia as lacunas no acompanhamento de pessoas com transtornos mentais e a necessidade urgente de políticas públicas eficazes que integrem saúde mental, assistência social e justiça.

Desdobramentos e reflexões sobre proteção e tratamento

O caso de Gerson levanta questões sobre a efetividade das decisões judiciais relacionadas à saúde mental e sobre como garantir a execução dessas ordens para proteger vidas em situação de vulnerabilidade. A conjugação de fatores como pobreza, abandono, doença mental e ausência de políticas públicas adequadas pode resultar em tragédias evitáveis, conforme mostra o trágico desfecho da invasão da jaula de leão.

A sociedade e as autoridades locais avaliam os procedimentos adotados e a necessidade de aprimorar os mecanismos de atendimento e proteção aos jovens com transtornos psiquiátricos, para evitar novas ocorrências como essa.

Fonte: baccinoticias.com.br

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