Sob forte esquema de segurança e a portas fechadas, teve início nesta segunda-feira, na Rússia, o julgamento de 19 suspeitos envolvidos no ataque ao Crocus City Hall, ocorrido em março deste ano. O atentado, que deixou 149 mortos e mais de 600 feridos, chocou o mundo e agora tem seus responsáveis confrontados pela justiça. O processo tramita em um tribunal militar, instalado em uma corte civil, e conta com a presença de 30 sobreviventes.
Quatro dos réus, acusados de participação direta no ataque, enfrentam a possibilidade de prisão perpétua. O advogado Igor Trunov, representando 115 vítimas, declarou que buscará a pena máxima para os autores e seus cúmplices. Segundo ele, os quatro principais acusados, originários do Tajiquistão, confessaram o crime durante a investigação, demonstrando arrependimento em apenas um dos casos.
O ataque ao Crocus City Hall, um complexo comercial próximo a Moscou, aconteceu em 22 de março, quando homens armados invadiram a sala de concertos, abrindo fogo contra o público e incendiando o local. A tragédia revelou que grande parte das vítimas fatais não morreu diretamente pelos disparos, mas sim por inalação de fumaça e monóxido de carbono, conforme informações da agência estatal russa TASS.
Apesar da reivindicação do ataque pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI), as autoridades russas levantam suspeitas sobre o envolvimento da Ucrânia, sem apresentar provas concretas. A porta-voz do Comitê de Investigação Russo chegou a afirmar que o atentado foi planejado por autoridades ucranianas para desestabilizar a política interna russa, acusação que Kiev nega veementemente. Paralelamente, nos EUA, um líder do EI suspeito de envolvimento no massacre foi preso.
O atentado também desencadeou uma onda de xenofobia contra cidadãos da Ásia Central na Rússia, especialmente contra tajiques, o que levou o governo a endurecer suas políticas de imigração. Além disso, reacendeu o debate sobre a possível retomada da pena de morte no país, suspensa desde 1996, refletindo a comoção e o desejo por justiça em meio à tragédia.