Reflexões sobre a influência de Cheney na ampliação do poder presidencial
Dick Cheney, em sua última atuação política, alertou sobre os perigos de Trump, refletindo sobre seu legado autocrático.
Em 4 de outubro de 2023, Dick Cheney, ex-vice-presidente dos EUA, fez sua última declaração política ao alertar que Donald Trump “nunca pode ser confiado com poder novamente”. Ele pediu aos eleitores que em 2024 escolhessem Kamala Harris como sua sucessora, destacando a importância de priorizar princípios sobre lealdades partidárias. Embora tenha rejeitado Trump por seu uso de “mentiras e violência” em 2020, Cheney, ironicamente, ajudou a criar o ambiente que possibilitou o tipo de presidência que Trump agora exerce.
A teoria do executivo unitário
Cheney foi um dos principais defensores da teoria do “executivo unitário”, que promove uma visão expandida dos poderes presidenciais. Essa teoria, que é agora apoiada pelos seis juízes republicanos da Suprema Corte, permite que o presidente atue sem as restrições do Congresso. Cheney acreditava que o legislativo era um obstáculo para a ação rápida e decisiva, essencial em questões de política externa e segurança nacional.
O impacto nas decisões da Suprema Corte
As decisões da Suprema Corte, especialmente a que permite a imunidade presidencial em casos criminais, refletem essa visão de Cheney. O julgamento, que não fundamenta sua decisão em nenhuma cláusula constitucional, se baseia na ideia de que a possibilidade de punição por ações criminosas afastaria o presidente de tomar decisões necessárias. Essa perspectiva indicativa de Cheney agora embasa a forma como Trump exerce seus poderes, incluindo a possibilidade de demitir funcionários federais e direcionar a Justiça contra opositores.
As consequências do legado de Cheney
Embora Cheney tenha alertado sobre a falta de confiança em Trump, seu trabalho ao longo dos anos proporcionou ao ex-presidente muitos dos poderes que ele agora detém. O legado de Cheney é, portanto, ambíguo: enquanto ele se posicionou contra Trump em seu último ato, sua influência ajudou a moldar a presidência imperial que Trump representa. Esse paradoxo destaca a complexidade do poder político e as consequências das teorias que Cheney defendeu ao longo de sua carreira.