Produção crescente de resíduos eletrônicos gera desafios e oportunidades de reciclagem

Estudo da ONU indica que lixo eletrônico deve alcançar 82 milhões de toneladas até 2030.

A crescente preocupação com o lixo eletrônico

O lixo eletrônico vem se consolidando como uma das principais preocupações ambientais da atualidade. Segundo a ONU, a produção global de lixo eletrônico alcançou 62 milhões de toneladas em 2022 e deve atingir 82 milhões de toneladas até 2030. Este crescimento alarmante destaca a urgência de soluções eficazes para o descarte e a reciclagem desses materiais.

O Brasil e o desafio dos resíduos eletrônicos

O Brasil ocupa a quinta posição mundial na geração de lixo eletrônico e lidera a América Latina nesta categoria. Apesar dos avanços em iniciativas de reciclagem, o país ainda enfrenta desafios significativos em relação ao descarte inadequado de equipamentos eletroeletrônicos. A combinação de uma população crescente e o aumento do consumo de dispositivos eletrônicos contribui para essa situação crítica.

A planta de mineração urbana da Ambipar

Inaugurada em dezembro de 2024, a planta de mineração urbana da Ambipar, localizada em São José dos Campos (SP), é um exemplo promissor de reciclagem de lixo eletrônico. Com um investimento de R$ 100 milhões, a planta tem capacidade para processar grandes volumes de resíduos e já reciclou 20 mil toneladas de lixo eletrônico em seu primeiro ano. Marcelo Oliveira, head global de E-Waste da Ambipar, afirma que a planta tem demonstrado um crescimento contínuo e um aumento na variedade de equipamentos recebidos.

Tecnologia e eficiência na reciclagem

A planta de mineração urbana utiliza tecnologia de ponta para separar os componentes do lixo eletrônico, como plástico, ferro, alumínio e metais preciosos. A eficiência na recuperação de materiais é um dos grandes diferenciais deste projeto, com a recuperação de metais nobres, como o ouro, sendo significativamente mais eficaz do que na mineração tradicional. Enquanto uma tonelada de minério pode fornecer apenas 5 gramas de ouro, a mesma quantidade de placas eletrônicas recicladas pode gerar até 800 gramas do metal.

Logística reversa e cooperativas de reciclagem

A logística reversa de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) é uma das várias cadeias de reciclagem em funcionamento no Brasil. Organizações como a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE) e a Gestora de Logística Reversa de Equipamentos Eletroeletrônicos (Green Eletron) têm desempenhado papéis fundamentais nesse processo. Em 2024, a Green Eletron recuperou cerca de 7,3 mil toneladas de eletrônicos, demonstrando a viabilidade da reciclagem em larga escala.

A importância da economia circular

A planta da Ambipar eleva o padrão da reciclagem de eletrônicos no Brasil ao promover a economia circular. A recuperação de resíduos e a transformação em insumos de alto valor para a indústria não apenas diminuem a dependência da extração mineral, mas também fomentam um modelo sustentável de produção. Isso representa um avanço significativo na forma como gerenciamos e pensamos sobre os resíduos que geramos.

A continuidade e a expansão de iniciativas como essa são cruciais para enfrentar os desafios do lixo eletrônico. À medida que a produção global cresce, a implementação de soluções inovadoras será vital para mitigar os impactos ambientais e aproveitar as oportunidades econômicas relacionadas à reciclagem.