Em pronunciamento em rede nacional na véspera do feriado da Independência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) direcionou críticas indiretas a Donald Trump e ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O discurso, marcado pela defesa da soberania nacional, ocorreu em um momento de tensão nas relações bilaterais com os Estados Unidos. Lula tem buscado mostrar firmeza diante das recentes tarifas impostas ao Brasil.
O chefe do Executivo ressaltou que o 7 de Setembro simboliza a conquista da independência e da soberania brasileira. “Mais de 200 anos se passaram e nós nos tornamos soberanos. Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém”, declarou Lula, em clara alusão às tarifas unilaterais impostas por Trump sobre produtos brasileiros como carne e café. A medida, que já havia sido implementada em etapas anteriores, completou um mês no dia 6 de setembro.
O governo brasileiro tem buscado diálogo com a Casa Branca para reverter a situação, mas sem sucesso. Segundo Lula, o Brasil é capaz de governar e cuidar de sua terra e de seu povo sem interferência estrangeira. Contudo, o governo Trump alega que as tarifas visam reduzir o déficit comercial com o Brasil, alegação contestada, visto que os EUA possuem superávit na balança comercial com o país.
Em outro momento do discurso, Lula condenou o que chamou de “traidores da pátria”, em referência a políticos brasileiros que, segundo ele, estimulam ataques ao Brasil. Embora não tenha citado nomes, a alusão a Eduardo Bolsonaro foi evidente, especialmente considerando o histórico de críticas do presidente ao deputado. “Foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro, mas defendem apenas seus interesses pessoais. São traidores da pátria. A História não os perdoará”, afirmou Lula.
Eduardo Bolsonaro, atualmente nos Estados Unidos, tem sido acusado de articular contra os interesses brasileiros, inclusive interferindo em encontros entre representantes dos dois países. Um exemplo citado é o cancelamento de uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, após um encontro deste último com o deputado. A justificativa para a articulação seria a alegação de que as tarifas americanas possuem motivação política, ligada ao apoio de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado pelo STF.