Estudo revela a distribuição de átomos no espaço entre galáxias.
Estudo revela que a maior parte da matéria normal do universo está no espaço entre galáxias, desafiando a visão tradicional da distribuição de matéria.
A recente pesquisa sobre a distribuição da matéria normal no universo trouxe novas informações sobre a estrutura cósmica. Os astrônomos descobriram que a maior parte dessa matéria não está concentrada em estrelas ou galáxias, como se pensava anteriormente, mas sim no vazio escuro entre esses grandes corpos celestes.
A rede cósmica: onde está a matéria?
Estudos prévios indicavam que cerca de 5% do conteúdo do universo deveria ser composto por átomos, formados por prótons, nêutrons e elétrons. Entretanto, a localização exata dessa matéria sempre foi uma questão intrigante para os cientistas. O que se sabe agora é que a maior parte desses átomos está dispersa em uma rede chamada ‘teia cósmica’, que se estende por todo o espaço entre as galáxias. A pesquisa, publicada em junho de 2025, utilizou uma técnica inovadora de rádio para realizar um censo desta matéria.
Os cientistas estimaram que existem centenas de bilhões de galáxias no universo, cada uma composta por um número impressionante de estrelas. Contudo, foi constatado que apenas 0.5% da matéria do universo está contida nas estrelas. O restante, que equivale a dez vezes mais átomos, flutua livremente no espaço intergaláctico. Isso inclui elementos essenciais à vida, como carbono, que representam apenas 0.03% da massa total.
O papel das explosões rápidas de rádio
Um dos grandes avanços dessa pesquisa se deu pela utilização de explosões rápidas de rádio (FRBs), que são explosões intensas de ondas de rádio. Essas explosões, descobertas em 2007, têm suas origens associadas a remanescentes estelares compactos, como os magnetares, que são estrelas de nêutrons com campos magnéticos extremamente fortes. A força dessas explosões permite que os cientistas analisem a interação do sinal com o gás quente que permeia o espaço intergaláctico.
Os astrônomos utilizaram um conjunto de 110 telescópios de rádio para observar 69 dessas explosões e, assim, mapear a quantidade de gás que cada sinal atravessou. O resultado foi surpreendente: 76% da matéria normal do universo foi encontrada no espaço entre as galáxias, 15% em halos galácticos e apenas 9% dentro das galáxias e seus gases frios.
Implicações para a cosmologia
Essa nova medição reafirma as previsões da teoria do Big Bang, que sugere que a matéria normal deveria ser abundante logo após a formação do universo. Os dados obtidos ajudam a esclarecer a questão da distribuição da matéria e podem revolucionar a forma como os cientistas estudam a cosmologia, possibilitando uma melhor compreensão da estrutura tridimensional da teia cósmica.
Embora o estudo forneça uma visão mais completa sobre a distribuição de átomos normais, ainda restam dúvidas sobre a natureza da matéria escura e da energia escura, que constituem a maior parte do universo. A matéria escura, que não pode ser observada diretamente, é crucial para a manutenção da estrutura galáctica, enquanto a energia escura está relacionada à aceleração da expansão do universo. Esse equilíbrio entre o que sabemos e o que ainda precisamos descobrir continua a intrigar os cientistas e a impulsionar a pesquisa em astronomia.
Fonte: www.space.com