Pesquisa revela os impactos das constelações satelitais no futuro da astronomia.
Um novo estudo destaca os riscos que mega constelações de satélites impõem à astronomia espacial, com preocupações sobre a poluição das imagens astronômicas.
Megaconstelações de Satélites Ameaçam Astronomia Espacial
Recentemente, um estudo publicado na revista Nature trouxe à tona preocupações significativas sobre os efeitos das mega constelações de satélites no campo da astronomia. De acordo com a pesquisa, a poluição das imagens astronômicas provocada por satélites em órbita baixa da Terra (LEO) pode comprometer a qualidade das observações realizadas por telescópios espaciais. Este fenômeno é alimentado pelo crescente número de satélites lançados por empresas como SpaceX, Amazon e OneWeb, além de iniciativas governamentais, como as da China e dos EUA.
Entenda o Contexto
As mega constelações, que são agrupamentos de centenas ou milhares de satélites, têm como objetivo fornecer serviços de internet e comunicação global. Contudo, sua presença no céu pode interferir no trabalho de astrônomos, que dependem da clareza de imagens para estudar o universo. O estudo em questão foi realizado por pesquisadores do Centro de Pesquisa Ames da NASA, que expressaram preocupações sobre como a luz refletida por esses satélites pode poluir as imagens capturadas, tanto da Terra quanto do espaço.
Os pesquisadores identificaram observatórios que já estão sob ameaça, incluindo o SPHEREx da NASA, destinado a explorar a história do universo, e o ARRAKIHS da Agência Espacial Europeia, que estuda galáxias. As implicações são alarmantes: um estudo anterior mostrou que 4,3% das imagens obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble entre 2018 e 2021 já apresentam trilhas deixadas por satélites. Com o aumento do número de satélites planejados, essa porcentagem deve crescer rapidamente.
Detalhes
A SpaceX, por exemplo, lançou recentemente seu 3.000º satélite Starlink, prevendo operar até 30.000 unidades no futuro. Esse crescimento exponencial de satélites levanta preocupações sobre a saturação do céu noturno e a qualidade dos dados coletados por telescópios. A pesquisa sugere que, se todas as constelações propostas forem completadas, até 96% das exposições do SPHEREx, ARRAKIHS e Xuntian da China poderão apresentar pelo menos uma trilha de satélite iluminada pelo sol.
Os pesquisadores também discutem possíveis estratégias para mitigar os impactos, como a redução da captura de imagens ao amanhecer e ao entardecer, quando a luz refletida é mais intensa. No entanto, eles argumentam que as constelações em LEO têm um efeito abrangente que não pode ser facilmente contornado, mesmo com a adoção de melhores práticas.
Repercussão e Expectativa
A comunidade científica está em alerta quanto ao futuro da astronomia. Enquanto a SpaceX tem se comprometido a trabalhar com astrônomos para minimizar o impacto de seus satélites, as soluções propostas nem sempre são eficazes. Por exemplo, mudanças na orientação dos satélites para reduzir reflexões podem, paradoxalmente, aumentar a visibilidade das trilhas para telescópios espaciais.
Além disso, a NASA suspendeu as operações científicas do Hubble devido a problemas técnicos, destacando a fragilidade da pesquisa astronômica em um cenário já complicado. As perspectivas futuras para a astronomia dependem de uma colaboração efetiva entre empresas de tecnologia, agências espaciais e a comunidade científica para garantir que a exploração do universo não seja comprometida por interesses comerciais.
Este estudo é um chamado à ação para que as políticas de lançamento de satélites sejam revisadas, garantindo que a ciência e a curiosidade humana possam continuar a prosperar no estudo do cosmos.



