Relatório aponta avanços e desafios no acesso ao paradesporto no Brasil
Relatório da CEsp destaca necessidades de melhorias no Programa Paradesporto Brasil em Rede, incluindo transporte acessível.
Programa Paradesporto Brasil em Rede busca inclusão esportiva
O Programa Paradesporto Brasil em Rede é uma iniciativa do Ministério do Esporte voltada para a inclusão de pessoas com deficiência no esporte. Apresentado pela senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) à Comissão de Esporte (CEsp) no dia 3 de dezembro de 2025, o relatório aponta tanto avanços significativos quanto desafios persistentes que a política pública enfrenta. A senadora ressaltou que, embora o programa tenha ampliado o acesso ao paradesporto de forma qualificada e com impacto social positivo, ainda há necessidade de melhorias na infraestrutura e no transporte acessível.
Avanços alcançados e desafios a serem superados
A senadora Gabrilli, que é tetraplégica, elogiou a participação brasileira em eventos como as Paralimpíadas, onde o Brasil quebrou recordes de medalhas na edição de Paris 2024. Contudo, ela destacou que o programa carece de transporte acessível e uma infraestrutura esportiva adequada. “O esporte e a educação são as nossas ferramentas mais poderosas de inclusão”, afirmou.
A CEsp escolheu monitorar e avaliar o programa em 2025, e o relatório foi aprovado por unanimidade. Nele, foram identificadas oportunidades de aprimoramento, além de um diagnóstico detalhado do funcionamento da rede atual. O programa foi instituído em março de 2024 e busca democratizar o acesso ao paradesporto no país, promovendo parcerias com universidades e institutos federais, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Estrutura em rede e expansão do programa
Com atualmente 10 unidades operacionais, a expectativa é que o programa se expanda para mais quatro unidades em breve, buscando ter pelo menos uma unidade em cada estado brasileiro. O programa atende uma ampla faixa etária, de 4 a 65 anos, e inclui pessoas com deficiências auditivas, intelectuais, além de transtornos do espectro autista (TEA).
Mara Gabrilli enfatizou que a estrutura em rede do programa, gerida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um modelo para o desenvolvimento de esportes inclusivos. Combinando ensino, pesquisa e extensão, o programa gera um ciclo virtuoso que contribui para o desenvolvimento do paradesporto no Brasil. “Criamos uma força de trabalho especializada em paradesporto, preenchendo uma lacuna de competências a um custo reduzido. Isso já é uma vitória”, destacou.
Diretrizes para a inclusão feminina e melhorias na infraestrutura
Uma diretriz importante do programa é aumentar a participação feminina, atualmente em 31%, ainda abaixo da meta de 50%. Apesar dos avanços, Gabrilli chamou atenção para os desafios estruturais, como as dificuldades de transporte e a necessidade de uma melhor infraestrutura esportiva.
Ela ressaltou que, desde 2014, todo sistema de transporte nacional deveria ser acessível e pediu articulação com programas de transporte escolar. Outras recomendações incluem o treinamento contínuo das equipes locais e a catalogação dos equipamentos disponíveis, além de capacitar gestores locais para usar plataformas de monitoramento de forma eficaz.
Avaliação contínua e recomendações ao governo
A senadora Leila Barros (PDT-DF), presidente da CEsp, comentou que a avaliação proposta por Gabrilli serve como um instrumento de melhoria contínua e responsabilização. “Este projeto tem um grande potencial, mas ainda precisamos de estrutura, financiamento e vontade política para que ele seja bem-sucedido”, afirmou.
O relatório será encaminhado à Presidência da República com sugestões, incluindo a formação de diretrizes específicas para garantir o acesso logístico e o transporte adaptado dos beneficiários do programa. Essas medidas visam fortalecer a inclusão e garantir que o Programa Paradesporto Brasil em Rede alcance todo seu potencial de transformação social.


