Mercado de capitais como solução para a incorporação imobiliária

Alternativa ao crédito tradicional em meio a juros altos

O mercado de capitais se destaca como alternativa ao crédito tradicional na incorporação imobiliária, especialmente diante do esgotamento da poupança.

O mercado de capitais vem se consolidando como uma alternativa essencial ao crédito tradicional na incorporação imobiliária, num cenário de juros altos e esgotamento dos recursos da poupança. Para Bruno Gargiolli, diretor de Real Estate da XP Inc, a força desse movimento está na capacidade de inovação e customização das soluções financeiras criadas para o setor.

“A grande beleza do mercado de capitais é a não padronização. Não existe um único produto, mas uma variedade de opções e uma cultura diferente, de construir soluções sob medida”, afirmou durante o painel Mercado de Capitais e Papel das Instituições Financeiras no Crescimento da Incorporação Imobiliária, nesta quinta-feira (9) em São Paulo.

A busca por alternativas criativas

Com o aumento da Selic e a consequente elevação do custo de funding, Gargiolli destacou que o ambiente atual “fez o mercado buscar alternativas criativas para financiar a produção”. Ele citou o avanço de instrumentos híbridos, que transitam entre dívida e capital, como os modelos de “semi-equity” e “equity preferencial”, além do papel crescente dos fundos imobiliários (FIIs) que têm adquirido participações ou estoques de projetos.

“Essas ferramentas são uma tentativa não só de expandir as obras, mas de reciclar o capital do empresário”, explicou. Segundo ele, o mercado de capitais hoje está “mais preparado para ajudar primeiro na escassez de funding para a construção”, atuando de forma complementar aos bancos.

Desafios para empresas de médio porte

A migração para o mercado de capitais também impõe novos desafios às empresas de médio porte, como destacou Carla Taynara de Brito Dutra, CEO da MS Empreendimentos. Ela lembrou que o acesso a esse tipo de financiamento requer profissionalização e transparência. “Foi preciso ajustar a gestão, instituir conselhos, adotar auditorias e comprovar a qualidade da governança. É um caminho obrigatório para as incorporadoras que querem acessar esse funding”, afirmou.

Modernização regulatória

Na visão de Rodrigo Furiato, vice-presidente de Negócios da Núclea, a agenda de modernização regulatória liderada pelo Banco Central deve ampliar o acesso das incorporadoras ao crédito e trazer mais segurança jurídica. Ele destacou que o registro de recebíveis imobiliários e o desenvolvimento de serviços como o “boleto dinâmico” tendem a dar mais transparência e previsibilidade às operações.

“Essas medidas garantem unicidade e publicidade dos registros, facilitando o acesso ao crédito e promovendo competição saudável entre os financiadores”, afirmou Furiato.

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