Explorando a biodiversidade abissal e as dificuldades da pesquisa marinha

Entenda a biodiversidade do fundo do mar e como os cientistas exploram essas áreas pouco conhecidas.

Na madrugada de 22 de setembro de 2025, o fundo do mar continua a ser um dos lugares mais inexplorados do planeta, despertando a curiosidade de cientistas e pesquisadores. Segundo o oceanógrafo Angel Perez, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina, a vida marinha profunda abriga uma biodiversidade que ainda precisa ser desvendada, com muitos animais, como lulas e peixes gigantes, permanecendo desconhecidos.

Adaptações da fauna abissal

Os principais representantes da fauna abissal incluem peixes abissais (Melanocetus johnsonii), peixes-bolha (Psychrolutes marcidus), tubarões-cobra (Chlamydoselachus anguineus) e isópodes gigantes (Bathynomus giganteus). A bioluminescência, uma adaptação fundamental, permite que esses animais se defendam, caçem ou se comuniquem em um ambiente sem luz. Ana Carolina Arcanjo Silva, professora de biologia do Colégio Marista de Brasília, explica que abaixo dos 200 metros, a ausência de luz solar torna impossível qualquer tipo de fotossíntese, fazendo com que a alimentação dependa do que cai da superfície.

Desafios da exploração

Explorar o fundo do mar apresenta desafios significativos. A cada 10 metros de profundidade, a pressão aumenta em uma atmosfera, o que pode comprimir órgãos e colocar em risco a vida dos mergulhadores. Além disso, as temperaturas variam de 0 ºC a 5 ºC, com zonas mortas apresentando escassez de oxigênio. Para enfrentar essas adversidades, tecnologias avançadas, como ecossondas multifeixe e veículos operados remotamente (ROVs), são empregados em missões de pesquisa.

Importância da pesquisa marinha

A pesquisa sobre a biodiversidade abissal não é apenas uma questão científica, mas também possui implicações para a sociedade. Perez compara os animais a componentes de uma fábrica, onde cada um desempenha um papel crucial, contribuindo para serviços essenciais, como o sequestro de carbono e a reciclagem de nutrientes. A descoberta de novas espécies pode não apenas elucidar o processo evolutivo, mas também trazer benefícios diretos para a humanidade.
Explorar o fundo do mar é uma jornada que promete revelar não apenas os segredos da vida marinha, mas também a importância vital desses ecossistemas para o equilíbrio do planeta.