Análise e perspectivas sobre os papéis da Motiva após divulgação de resultados
As ações da Motiva (MOTV3) recuaram mais de 2% após resultados do terceiro trimestre de 2025. Apesar de números recordes, lucro líquido ficou abaixo das expectativas do BTG Pactual.
As ações da Motiva (MOTV3) — antiga CCR — recuaram mais de 2% na manhã de 30 de outubro de 2025, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa (IBOV). Essa baixa se deu após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25).
Apesar de registrar números recordes em receita e Ebitda, o lucro líquido ajustado, de R$ 683 milhões, ficou 5% abaixo das estimativas do BTG Pactual. Além disso, parte dos ganhos reportados foi influenciada por efeitos não recorrentes, como a compensação de R$ 894 milhões recebida da ViaQuatro pelo governo de São Paulo, para corrigir desequilíbrios na operação da Linha 4-Amarela do Metrô.
Mesmo com a reação negativa do mercado e os pontos de atenção citados, o BTG mantém a recomendação de compra para o papel, citando execução sólida e margens acima do esperado. O preço-alvo em 12 meses é de R$ 17, o que representa um potencial de valorização de cerca de 9% em relação ao último fechamento.
Desempenho financeiro
O Ebitda ajustado da Motiva somou R$ 2,7 bilhões, alta de 16% na comparação anual e 3% acima das projeções. A margem Ebitda atingiu 65%, contra 59% um ano antes. A receita líquida chegou a R$ 4,2 bilhões, configurando um crescimento de 5% no período, sustentado por reajustes tarifários em concessões de rodovias e reconhecimento de reequilíbrios econômicos de contratos.
No operacional, o tráfego nas rodovias se manteve estável, enquanto a mobilidade urbana cresceu 2% e o segmento aeroportuário registrou um avanço de 6% no número de passageiros. Apesar do aumento dos investimentos de capital, que totalizaram R$ 2,3 bilhões no trimestre, a alavancagem caiu levemente, para 3,6 vezes a relação dívida líquida/Ebitda.
Projeções e estratégias futuras
O BTG destacou o progresso da agenda de eficiência da companhia, com o índice de despesas operacionais recuando para 38%, atingindo a meta prevista para 2026 com um ano de antecedência. O banco também vê um cenário regulatório mais favorável, após o reequilíbrio da ViaQuatro, e aponta que o foco da Motiva deve se manter na alocação de capital, tanto em novos leilões de concessões rodoviárias até o fim de 2025 quanto no processo de venda de ativos aeroportuários.
Os analistas do BTG Pactual afirmam que “a Motiva continua entregando conforme o roteiro, com margens sólidas e execução disciplinada. Agora, toda a atenção se volta para a estratégia de capital e o pipeline de leilões.”