Repercussões do discurso de Trump na política europeia preocupam parlamentares britânicos
Parlamentares britânicos criticam interferências americanas na política europeia.
MPs britânicos alerta sobre táticas direitistas dos EUA
Recentemente, parlamentares britânicos expressaram sérias preocupações sobre as táticas direitistas dos EUA, afirmando que estas lembram práticas dos anos 1930. Durante uma discussão na Câmara dos Comuns, os deputados convocaram Keir Starmer a condenar as interferências de Donald Trump nas políticas europeias. A retórica usada por Trump, especialmente em relação à estratégia de segurança nacional dos EUA, foi considerada alarmante.
Matt Western, um MP do Partido Trabalhista e presidente do comitê conjunto do Parlamento sobre a estratégia de segurança nacional do governo do Reino Unido, advertiu que o consenso dos EUA, que sustentou o mundo ocidental desde a Segunda Guerra Mundial, parece estar em colapso. Ele enfatizou que a perspectiva de interferência dos EUA na política democrática europeia é “assustadora” e destacou a ausência de condenação em relação à Rússia, indicando a vulnerabilidade do Reino Unido nesse novo cenário.
Outro deputado, Liam Byrne, também do Partido Trabalhista, fez a conexão com os tropes da extrema direita da década de 1930, pedindo uma cooperação defensiva mais próxima com a Europa. Por outro lado, Keir Starmer e seus ministros têm se mostrado cautelosos em criticar Trump, tentando minimizar as implicações do documento estratégico.
Seema Malhotra, uma ministra do Foreign Office, reiterou que os EUA continuam sendo um aliado forte e vital para o Reino Unido, destacando que alguns aspectos da estratégia americana são compartilhados, como a importância da liberdade e segurança. Ela, no entanto, afirmou que o governo britânico tem uma visão diferente sobre a força europeia e a valorização do multiculturalismo.
Bobby Dean, deputado do Liberal Democrata, qualificou a estratégia de “documento enraizado em ideologia racista e supremacista branca”, enfatizando a necessidade de um posicionamento mais firme contra essa narrativa. Em resposta, Malhotra não concordou com a linguagem do documento, defendendo a migração como um elemento essencial da história nacional do Reino Unido.
James MacCleary, também do Liberal Democrata, comentou que a estratégia apresenta uma “visão sombria e distópica do mundo”, priorizando a interferência nos processos democráticos europeus para promover uma ideologia específica.
Mike Wood, um ministro shadow do Cabinet Office, ressaltou a importância do Reino Unido como pilar da defesa europeia e global. Malhotra defendeu que cabe aos EUA determinar sua própria estratégia, insistindo que “amigos e aliados respeitam as escolhas e tradições uns dos outros”.
A estratégia dos EUA, publicada na semana passada, pede um fim à imigração em massa e critica políticas europeias que, segundo o documento, criam conflitos. Ele também advoga que muitos países europeus carecem de economias e forças armadas suficientemente robustas para serem aliados confiáveis. O governo russo já saudou o documento, considerando-o “amplamente consistente” com sua visão.
Em uma recente entrevista, Trump continuou atacando líderes europeus, acusando-os de não controle sobre a imigração, e sugeriu que, sem mudanças em suas políticas de fronteira, esses países não seriam mais viáveis.
Esta discussão na Câmara dos Comuns ilustra uma crescente preocupação entre os políticos britânicos sobre a direção que a política americana pode tomar e o impacto que isso pode ter sobre a estabilidade e os valores democráticos na Europa.
Fonte: www.theguardian.com
Fonte: Aaron Schwartz/UPI/Shutterstock



