A nova geração do futebol: por que clubes ricos valorizam jogadores jovens

Rakitic fala sobre o trabalho da La Masía

Entenda a tendência crescente de investir em talentos da base no cenário futebolístico atual

Clubes de elite adotam jovens talentos como estratégia de sucesso; entenda essa tendência.

A valorização de jogadores jovens tem se tornado cada vez mais evidente no cenário do futebol mundial. A recente ascensão de atletas como Estêvão e Lamine Yamal, que já se destacam em grandes ligas, exemplifica essa nova estratégia adotada por clubes ricos. Os jovens jogadores não são apenas vistos como promessas, mas como investimentos que podem gerar retornos financeiros significativos.

O impacto da formação nas ligas europeias

Na La Liga, por exemplo, a valorização de atletas oriundos das categorias de base tem se mostrado um diferencial importante. Na última temporada, jogadores formados em clubes espanhóis disputaram quase 20% dos minutos da liga, superando ligas como Bundesliga e Premier League. O FC Barcelona, famoso por sua academia La Masía, é um dos clubes que mais aposta na formação de jovens talentos, com uma média de idade de 25,4 anos entre seus jogadores na atual edição da liga.

Ivan Rakitic, ex-jogador do clube catalão, destacou a importância da preparação adequada dos jovens talentos. “Não existe idade. Existe estar pronto ou não. Em La Masía, o foco não está apenas na qualidade técnica, mas também no desenvolvimento integral do jogador”, afirmou.

Investimentos que garantem retornos

A La Liga, através do Plano Nacional de Optimização e Melhora da Base, investiu cerca de 150 milhões de euros em projetos de formação nas últimas temporadas. Essa estratégia não apenas melhora o desempenho dos clubes, mas também gera uma receita considerável com a venda de jogadores formados na base, que rendeu quase 300 milhões de euros na última janela de transferências. O Brasil, por sua vez, ficou em segundo lugar em vendas de jogadores, mas ainda enfrenta o desafio de estruturar melhor suas academias para não perder talentos precoces.

Desigualdade de oportunidades na Premier League

Na Premier League, a situação é um pouco diferente. Embora clubes como Chelsea e Manchester City tenham dado espaço a jogadores formados em casa, a maioria das oportunidades para jovens atletas ainda se destina a estrangeiros. O Chelsea, por exemplo, tem uma média de idade muito baixa, mas as lacunas no aproveitamento de talentos locais são notórias. Essa estratégia de contratação precoce, que inclui jovens brasileiros, é impulsionada pela busca por talentos em mercados emergentes, como o Brasil.

O desafio do mercado brasileiro

No Brasil, a situação é complexa. Embora clubes como o Palmeiras tenham investido em suas bases, a prioridade geralmente recai sobre a venda de talentos, em vez de seu desenvolvimento a longo prazo. Com a falta de uma liga profissional que incentive essa formação, muitos clubes acabam perdendo seus jovens para o exterior antes mesmo de completarem 18 anos. Dados do Observatório do Futebol mostram que, dos R$ 16 bilhões gerados com transferências de jogadores, 50% foram de atletas com 20 anos ou menos.

Riscos associados à pressão precoce

A pressão para que jovens jogadores atinjam o sucesso rapidamente pode ter consequências negativas para a saúde e o desenvolvimento. Especialistas alertam para os riscos de lesões e problemas de saúde mental decorrentes da intensa competição em idades precoces. O doutor Vincent Gouttebarge, diretor médico do FIFPro, enfatiza que o cérebro dos jogadores jovens ainda está em desenvolvimento, e lesões na infância podem ter consequências duradouras.

O futuro das categorias de base

Recentemente, a CBF lançou o programa “CBF IMPACTA”, que visa reformular as categorias de base no Brasil. A iniciativa busca melhorar a formação cidadã e a capacidade técnica dos treinadores, além de reorganizar competições. No entanto, a realidade ainda mostra que 95% dos atletas de base não conseguirão se tornar profissionais, e os poucos que conseguem enfrentam um mercado competitivo e muitas vezes desleal.

Esse novo paradigma no futebol exige não apenas investimento, mas uma reflexão sobre como formar e utilizar talentos jovens de maneira responsável e eficaz. A luta para equilibrar o desenvolvimento a longo prazo e a necessidade de resultados imediatos continua sendo um desafio para clubes em todo o mundo.

Fonte: ge.globo.com

Fonte: Rakitic fala sobre o trabalho da La Masía

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