Estudo revela linhagem desconhecida que pode reescrever a história do povoamento da América do Sul
Descoberta de nova linhagem humana na Argentina lança luz sobre os primeiros assentamentos na região.
Em 28 de novembro de 2025, arqueólogos revelaram uma nova linhagem humana na Argentina, que lança um novo olhar sobre os primeiros assentamentos numa das últimas regiões do mundo a ser povoada por humanos. Até então, as reconstruções genéticas do continente indicavam a presença de três grandes grupos populacionais que divergiram há cerca de 9 mil anos: um na região andina, outro na Amazônia e um terceiro ao sul, no Pampa, Chile e Patagônia.
Descoberta de linhagem até então desconhecida
Entretanto, um novo estudo publicado na revista Nature identificou uma linhagem que surgiu há aproximadamente 8,5 mil anos no centro da Argentina. Esta população foi predominante na região por milênios, desenvolvendo uma diversidade cultural notável, embora com pouca troca genética com grupos vizinhos. A análise de restos mortais de 238 indivíduos indígenas dos últimos 10 mil anos revelou um capítulo inexplorado na história do povoamento da América.
Características da nova linhagem
Os pesquisadores analisaram cerca de 2 milhões de polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) no genoma, que são variações comuns entre os humanos. O que emergiu foi uma linhagem completamente nova e local, que desenvolveu uma gama diversificada de línguas e culturas, tornando-se central na ancestralidade da Argentina central. O estudo destaca que, apesar das transformações culturais, climáticas e tecnológicas, essa população não apresentou evidências significativas de miscigenação ao longo dos séculos.
Paradoxo cultural e genético
Os cientistas se depararam com um paradoxo: uma região que, embora culturalmente diversa, é geneticamente homogênea. Rodrigo Nores, geneticista do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Conicet) e coautor do estudo, comentou sobre a singularidade dessa população, ressaltando que a diversidade cultural não foi acompanhada por migrações significativas. Mesmo quando estilos de cerâmica e línguas se expandiram da Amazônia para o centro da Argentina, não houve correspondência genética.
Implicações da descoberta
Essa descoberta não apenas enriquece a narrativa do povoamento da América do Sul, mas também desafia algumas suposições sobre migração e resiliência genética. A pesquisa oferece novos insights sobre como as populações se adaptaram e prosperaram em um ambiente que foi uma das últimas áreas do planeta a ser habitada por humanos. O estudo é um chamado à reavaliação de dados anteriores e à importância da diversidade genética na compreensão da história humana.
A revelação de uma linhagem humana até então desconhecida na Argentina é um marco significativo que poderá influenciar futuras investigações sobre a história da humanidade. A pesquisa destaca a necessidade de uma abordagem mais detalhada e inclusiva na análise do DNA antigo, especialmente em regiões sub-representadas como o Cone Sul da América do Sul.
Fonte: www.metropoles.com
Fonte: do Cerro Torre, no Parque Nacional Los Glaciares, na Argentina