Novo crédito imobiliário: impactos e desafios para os bancos

Mudanças nas regras prometem aquecer o mercado, mas podem reduzir lucros das instituições

Mudanças no crédito imobiliário prometem expandir o acesso à casa própria, mas bancos devem enfrentar margens mais apertadas.

A partir de 2026, o cenário do crédito imobiliário no Brasil passará por mudanças significativas, com a eliminação da obrigatoriedade de direcionar 65% dos depósitos de poupança para esse segmento. Essa nova regra, anunciada pelo Banco Central, promete aumentar o acesso à casa própria, mas também pode pressionar os lucros dos bancos, que terão que se adaptar a um produto com menor retorno. O JPMorgan prevê que essa alteração poderá gerar de R$ 37 bilhões a R$ 52 bilhões em financiamentos adicionais, mas alerta que a rentabilidade do crédito imobiliário é inferior a outras linhas de crédito.

Novas regras e suas consequências

A flexibilização das regras permitirá que os bancos utilizem outras fontes de captação, como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra Imobiliária Garantida (LIG). Contudo, a expectativa é que o novo modelo resulte em margens de lucro mais apertadas, já que o teto de juros para esses financiamentos será de 12% ao ano. Com isso, o retorno sobre o patrimônio líquido dos bancos deve ser menor, variando entre 10% e 20%, enquanto outras linhas de negócios alcançam de 15% a 22%.

O perfil do novo consumidor

As mudanças também visam beneficiar o público de renda média, que normalmente não se enquadra no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). O novo modelo de financiamento terá um impacto positivo em empréstimos de maior duração ou menor valor, priorizando aqueles com valores até R$ 1 milhão. A transição para esse novo sistema será gradual, permitindo que os bancos ajustem suas estratégias de captação entre 2026 e 2027.

Desafios futuros para o setor bancário

Apesar da expectativa de crescimento no crédito imobiliário, o setor bancário enfrenta desafios estruturais. A poupança, por exemplo, não tem crescido, refletindo um cenário onde os depósitos se mantiveram estáveis de 2020 a 2025. Essa realidade pressiona os bancos a diversificarem suas fontes de captação, enquanto a relação entre crédito imobiliário e poupança aumentou, evidenciando a dependência de outros instrumentos para financiar empréstimos.

As mudanças no crédito imobiliário têm o potencial de transformar o mercado, mas também colocam os bancos em uma posição desafiadora, exigindo adaptações rápidas para garantir a sustentabilidade financeira.

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