O perigo invisível: crianças, redes sociais e a falta de supervisão

Recentemente, um tema que deveria receber mais visibilidade ganhou destaque após a denúncia feita pelo influenciador e youtuber Felca, em um vídeo que já ultrapassa 45 milhões de visualizações. Nele, o criador expõe a notificação formal encaminhada ao Ministério da Infância e Juventude sobre a adultização de crianças nas mídias sociais. A situação reacendeu debates importantes sobre um problema muitas vezes mascarado entre os inúmeros vídeos consumidos diariamente pelos usuários.

Afinal, estaríamos diante da normalização da adultização infantil? Em meio ao fluxo automático de rolagem, quantos conteúdos inapropriados não passam despercebidos e acabam sendo consumidos pelas crianças e por adultos?

O ponto central que merece atenção é claro: o uso desenfreado da internet por crianças tem crescido de forma alarmante, muitas vezes sem limite ou supervisão adequada. Criança não precisa de privacidade em rede social, mas sim de supervisão responsável.

A internet, embora traga inúmeros benefícios quando mal utilizada, deixa de ser uma ferramenta de aprendizado e se transforma em um canal repleto de exemplos obscuros e inapropriados. Segundo pesquisa da Opinion Box, em parceria com a Panorama Mobile Time (2022), 93% das crianças e adolescentes brasileiros já utilizam a internet. Contudo, essa é justamente a parcela da população mais vulnerável aos riscos do ambiente digital.

Apesar de oferecer conhecimento, entretenimento e interação, o mundo digital também expõe crianças a perigos como cyberbullying, desinformação, predadores on-line, conteúdos maliciosos e violentos. O mapeamento realizado pela Microsoft reforça a gravidade da questão: 69% dos adolescentes e crianças relataram já ter enfrentado situações de risco on-line, incluindo exposição a fake news, discurso de ódio, ameaças de violência, assédio e muito mais.

O estudo ainda revela uma diferença de impacto entre gêneros: meninas são mais suscetíveis a riscos sexuais, assédio, abuso e cyberbullying, enquanto meninos enfrentam mais casos relacionados à divulgação de imagens íntimas, conteúdos violentos ou extremistas.

Diante desse cenário, cabe aos responsáveis ensinar e orientar. É preciso adotar uma abordagem educativa e firme, deixando claro os perigos da má utilização da internet. Atualmente, já existem ferramentas que permitem monitoramento parental, bloqueio de sites indevidos e controle de tempo de tela.

A tecnologia não deve ser vista como inimiga, mas como aliada — desde que haja limites bem estabelecidos e acompanhamento próximo. Educar para o uso consciente é a chave para que a internet seja um espaço de aprendizado e oportunidades, e não de riscos.

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