O que quase ninguém entende sobre o treino de 7 minutos que virou febre nas redes sociais

Especialista em performance e calistenia, Felipe Kutianski explica por que a intensidade, e não a duração, é o segredo da eficiência

O treino de 7 minutos viralizou nas redes sociais como uma solução rápida e eficaz para quem busca resultados de forma prática. Mas, segundo o especialista em performance e calistenia Felipe Kutianski, o sucesso desse método não está na curta duração, mas sim na intensidade inteligente aplicada a cada movimento.

“Ele não é milagroso; é uma baita estratégia. Funciona porque concentra estímulo e foco em poucos minutos. Essa intensidade bem direcionada provoca adaptações reais, como melhora cardiovascular, aumento de força, gasto calórico e estímulo hormonal”, explica.

Na prática, o segredo está em personalizar o esforço e respeitar o ponto de partida de cada pessoa. Para um sedentário, por exemplo, um simples agachamento pode ser mais intenso do que um sprint de corrida para um atleta. O especialista explica que é possível ajustar o treino com pequenas mudanças, como reduzir o impacto e a velocidade dos movimentos, dividir o tempo em blocos menores e usar apoios para proteger articulações mais frágeis. “A ideia não é fazer o máximo, e sim o máximo possível dentro do que é seguro e sustentável. Intensidade é relativa, e isso é libertador”, diz.

A calistenia, base desse tipo de treino, representa para Kutianski o resgate da autonomia corporal. “Treinar com o peso do próprio corpo não é apenas uma opção prática, é um símbolo de independência. Você não precisa de academia, nem de halteres, nem de máquinas. Só precisa de espaço, gravidade e consistência. Isso tira o ‘desculpômetro’ da equação e coloca o praticante no centro do processo: ele se torna o próprio equipamento e o agente da mudança”, ressalta.

Mais do que estética, a calistenia promove funcionalidade, liberdade e segurança no dia a dia — do idoso que quer levantar do sofá sem dor ao jovem que busca alta performance, observa o especialista.

Kutianski reforça que um dos equívocos é acreditar que o treino resolve tudo sozinho. Para funcionar de verdade, ele precisa estar inserido em um contexto maior, que envolva frequência, alimentação equilibrada, repouso adequado e progressão planejada. “O limite do método está em achar que ele é autossuficiente. Ele é uma ferramenta poderosa, mas faz parte de um sistema”, complementa.

Entre os deslizes mais comuns de quem tenta seguir o treino sozinho, Kutianski cita a falta de ajuste de intensidade, a repetição constante do mesmo protocolo e o foco exclusivo na aparência física. Copiar treinos prontos sem considerar o nível individual leva à frustração e ao risco de lesões, enquanto a ausência de variação impede a evolução do corpo. “Sem progressão, o corpo se acomoda, e quando a motivação é apenas estética, o treino vira um castigo, não um ritual de autocuidado”, define. Para ele, a verdadeira transformação acontece quando a pessoa treina por identidade, não por aparência.

Kutianski também observa que o impacto do treino vai muito além do físico. O simples fato de reservar sete minutos do dia para cuidar de si gera autoestima, sensação de competência e bem-estar emocional. Ele relata que muitos alunos passam a reorganizar o dia em torno do autocuidado, e não da culpa. “A grande virada acontece quando o treino deixa de ser sobre o corpo e passa a ser sobre quem a pessoa está se tornando. Eles treinam porque isso os faz sentir vivos, capazes e em evolução”, finaliza.

 

Mais informações sobre o especialista em calistenia, acesse @fefokutianski.

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