Especialistas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR) emitiram uma forte condenação aos recentes ataques realizados pelos Estados Unidos contra embarcações no Caribe. A declaração, divulgada nesta quarta-feira (17/9), classifica os atos como “execuções extrajudiciais”, levantando sérias preocupações sobre o respeito ao direito internacional.
Segundo o comunicado da ONU, a justificativa apresentada pelo governo de Donald Trump, de combate a “narcoterroristas”, representa uma violação do direito à vida e das normas internacionais. A organização ressalta que as ações unilaterais dos EUA no exterior, sob o pretexto de combater o terrorismo ou o tráfico de drogas, não encontram amparo legal no direito internacional.
“O direito internacional não permite que governos simplesmente assassinem supostos traficantes de drogas”, afirmaram os especialistas da ONU. Eles defendem que atividades criminosas devem ser investigadas e processadas dentro do Estado de Direito, inclusive com a cooperação internacional, em vez de serem alvos de ações militares diretas.
A ONU também questiona as alegações do governo Trump sobre a atuação do cartel venezuelano Tren de Aragua nos EUA, que serviram como justificativa para a mobilização militar no Caribe. A organização expressa preocupação com a possibilidade de que o poder militar norte-americano seja usado diretamente contra governos estrangeiros, especialmente após a designação do cartel Los Soles, supostamente liderado por Nicolás Maduro, como organização terrorista.
Desde o início da ofensiva contra o “narcoterrorismo” no Caribe, o governo Trump anunciou a destruição de três embarcações, alegando que transportavam drogas da Venezuela para os EUA. Washington informou que 14 pessoas morreram nos bombardeios, mas até o momento não apresentou detalhes sobre os barcos, a quantidade ou o tipo de drogas que estariam transportando, o que intensifica as críticas da comunidade internacional.