Uma vasta operação policial foi desencadeada nesta quinta-feira em diversos estados, com foco no desmantelamento de um esquema bilionário envolvendo postos de combustíveis e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no Paraná. A ação, denominada Quasar, Tank e Carbono Oculto, cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão em Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
A operação Tank investiga uma das maiores redes de lavagem de dinheiro já identificadas no Paraná. Estima-se que a organização criminosa, sob investigação desde 2019, tenha lavado pelo menos R$ 600 milhões. A rede criminosa movimentou mais de R$ 23 bilhões através de centenas de empresas, incluindo postos de combustíveis, distribuidoras, holdings, empresas de cobrança e instituições de pagamento.
Investigações apontam que os criminosos utilizavam depósitos fracionados, totalizando mais de R$ 594 milhões, além de laranjas, transações cruzadas, repasses sem lastro fiscal, fraudes contábeis e simulação de aquisição de bens e serviços para ocultar a origem dos recursos. A operação também revelou fraudes na comercialização de combustíveis, incluindo adulteração da gasolina e a prática da “bomba baixa”. Acredita-se que pelo menos 46 postos de combustíveis em Curitiba estivessem envolvidos nessas atividades ilegais. A Justiça determinou o bloqueio de bens e valores de 41 pessoas físicas e 255 jurídicas, totalizando mais de R$ 1 bilhão.
Já a operação Carbono Oculto mobilizou 1.400 agentes para cumprir 200 mandados de busca e apreensão em dez estados contra 350 alvos, investigados por dominar toda a cadeia produtiva de combustíveis, com participação do PCC. A principal instituição de pagamentos investigada registrou R$ 17,7 bilhões em movimentações financeiras suspeitas. A Receita Federal estima uma sonegação de R$ 1,4 bilhão em tributos federais, enquanto o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (CIRA/SP) busca recuperar R$ 7.672.938.883,21 em tributos estaduais sonegados.
A investigação aponta para crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro (inclusive do tráfico de drogas), fraude fiscal e estelionato. O grupo criminoso teria obtido o domínio da cadeia produtiva do etanol, da gasolina e do diesel através da associação de grupos econômicos e ligações com operadores suspeitos de lavar dinheiro para o líder do PCC, Marcola.
A Justiça decretou a indisponibilidade de quatro usinas de álcool em São Paulo, cinco administradoras de fundos de investimentos, cinco redes de postos de gasolina com mais de 300 endereços, 17 distribuidoras de combustível, quatro transportadoras de cargas, dois terminais de portos, duas instituições de pagamentos, seis refinadoras e formuladoras de combustível, além dos bens de 21 pessoas físicas e até uma rede de padarias.
Outro ponto central da ação envolve a importação irregular de metanol pelo Porto de Paranaguá. O produto era desviado e transportado clandestinamente para adulterar a gasolina, gerando lucros bilionários.