Durante debate, destacam a necessidade de incluir questões de gênero nas políticas climáticas
Parlamentares brasileiras destacam a vulnerabilidade das mulheres na crise climática durante debate na COP30.
Parlamentares mulheres defendem a integração entre gênero e clima na COP30
No dia 14 de novembro de 2025, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) em Belém (PA), parlamentares brasileiras e especialistas se reuniram para discutir a relação entre gênero e clima. O debate, intitulado “Promovendo ação climática equitativa: abordagens parlamentares para soluções sensíveis ao gênero”, ressaltou como as mulheres são as mais afetadas pela crise climática. Essa discussão é vital, considerando que as desigualdades de gênero se intensificam em situações de crise ambiental.
A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) foi uma das vozes mais destacadas, defendendo a internacionalização do projeto “Sem Mulher Não Tem Clima”, que busca mapear as violências enfrentadas por meninas e mulheres em contextos de crise climática e crimes socioambientais. Segundo ela, já são 20 os países que aderiram a essa campanha, refletindo uma crescente preocupação com as questões de gênero nas políticas climáticas. Em seu depoimento, Célia mencionou casos alarmantes de violência, especialmente entre as comunidades indígenas, onde a mineração ilegal tem gerado sérios problemas sociais e ambientais.
Propostas de investimento e direitos reprodutivos
Célia sugeriu que 5% dos investimentos climáticos dos países sejam alocados para a agenda de gênero e clima. Essa proposta visa garantir que as mulheres tenham acesso a recursos e apoio necessário para enfrentar os desafios trazidos pela crise climática. A diretora do Fundo de População da ONU (UNFPA), Julia Bunting, também participou do debate, enfatizando o papel dos parlamentares como um elo entre a política, o orçamento e as comunidades. Ela pediu a inclusão dos direitos reprodutivos nas metas climáticas nacionais (NDCs), destacando a importância de garantir que as necessidades das mulheres sejam atendidas nas estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Em consonância com essas ideias, a médica Flavia Bustreo, ex-assessora da Organização Mundial da Saúde (OMS), alertou que o Plano de Ação de Gênero na COP30 encontrou resistência em relação ao reconhecimento do termo saúde reprodutiva, o que demonstra a necessidade de uma maior sensibilização sobre a intersecção entre saúde, gênero e clima.
A perspectiva das parlamentares sobre a crise climática
A senadora Leila Barros (PDT-DF) também fez intervenções importantes, afirmando que a crise climática é uma questão social, econômica e de gênero. Para ela, as mulheres enfrentam desafios adicionais, como eventos climáticos extremos, insegurança alimentar e a perda de meios de subsistência, além de sua sub-representação nos espaços de decisão. Leila destacou que “não há transição justa sem a força e a voz do protagonismo feminino”. Essa afirmação reflete um entendimento de que a inclusão das mulheres nas discussões e decisões sobre clima é essencial para garantir soluções eficazes e justas.
O debate na COP30 evidenciou a urgência de integrar a perspectiva de gênero nas políticas climáticas, ressaltando que as mulheres não são apenas vítimas da crise, mas também agentes fundamentais na busca por soluções. A mobilização em torno de questões de gênero e clima é um passo necessário para enfrentar os desafios que afetam a sociedade como um todo, garantindo que todos, independentemente de gênero, tenham voz e poder nas decisões que moldam o futuro do planeta.
Fonte: www.camara.leg.br
Fonte: Câmara dos Deputados