O que falta para Lula cumprir suas promessas de governo?
Após a aprovação da isenção do IR, várias promessas de campanha de Lula seguem pendentes.
No dia 10 de novembro de 2025, com a aprovação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concretizou uma das promessas mais importantes de sua campanha eleitoral de 2022. Esta medida foi considerada um passo significativo na agenda econômica do governo e, segundo o Planalto, uma prioridade que foi trabalhada ao longo dos últimos meses com o Legislativo.
No entanto, a um ano do fim do terceiro mandato de Lula, várias outras propostas do seu plano de governo ainda permanecem sem desfecho. Algumas dessas pendências dependem de negociações com o Congresso, enquanto outras enfrentam disputas internas entre ministérios e setores da base aliada. Além disso, há propostas que foram anunciadas, mas que não avançaram conforme o esperado.
Regulamentação do trabalho dos aplicativos
Um dos principais projetos que ainda aguardam votação é o Projeto de Lei Complementar (PLP) 12/2024, que visa regulamentar a atuação de motoristas de aplicativos, como os que trabalham nas plataformas Uber e 99. Embora o governo tenha dado passos iniciais para discutir a regulamentação, o projeto está parado na Câmara dos Deputados desde março de 2024, devido à falta de acordo. A proposta prevê um pagamento mínimo de R$ 32,10 por hora trabalhada e a divisão da contribuição previdenciária entre motoristas e aplicativos, além da criação da categoria “trabalhador autônomo por plataforma”.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSol-SP), já afirmou que a regulamentação dos trabalhadores de aplicativos é uma das prioridades do governo e, na semana passada, recebeu representantes da categoria para discutir suas reivindicações.
Segurança pública em debate
Outro tema que ainda gera controvérsias é a proposta de recriação do Ministério da Segurança Pública, que foi incorporado ao Ministério da Justiça durante o governo anterior. Lula já havia indicado a possibilidade de recriar este ministério, que teria como função coordenar políticas de combate ao tráfico de drogas, armas e crime organizado. Contudo, essa proposta enfrenta resistência interna e ainda não avançou, embora tenha apoio significativo dentro do Partido dos Trabalhadores.
A pressão para que essa pauta avance aumentou após uma megaoperação policial no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes e gerou críticas à ação do governo. Para tentar reverter a percepção de inércia nesse tema, Lula enviou ao Congresso o chamado “PL Antifacção”, que estabelece penas mais severas para organizações criminosas. Essa iniciativa, que tramita com pedido de urgência, reflete a intenção do governo de se posicionar proativamente em relação à segurança pública.
Outras promessas em andamento
Além das questões de segurança e regulamentação de aplicativos, outras promessas de campanha de Lula ainda estão pendentes. O programa para zerar as filas do SUS, inicialmente lançado com grande alarde, passou por reformulações após um impacto abaixo do esperado. Agora, trata-se de parcerias com hospitais privados para tentar atingir as metas estabelecidas durante a campanha.
Outro compromisso que não avançou conforme o prometido é a criação da Autoridade Nacional de Segurança Climática, uma medida que foi considerada prioritária mas acabou sendo engavetada. O presidente Lula também confirmou que disputará a reeleição em 2026, revendo um compromisso feito durante a campanha de não buscar um quarto mandato.
As promessas de campanha de Lula, apesar de alguns progressos, ainda enfrentam desafios significativos. A combinação de impasses no Congresso e divergências internas no governo pode impactar a avaliação política do presidente, especialmente à medida que se aproxima a disputa eleitoral de 2026. Com uma agenda repleta de pendências, o governo precisa encontrar formas de avançar nas suas promessas para assegurar apoio na próxima eleição.