Análise das semelhanças na expansão do poder presidencial entre os dois líderes
A morte de Dick Cheney realça as semelhanças entre seu legado e a atuação de Donald Trump na ampliação do poder presidencial.
A morte de Dick Cheney, ex-vice-presidente dos EUA, na terça-feira (3), destaca as semelhanças entre seu legado e a atuação de Donald Trump na ampliação do poder presidencial. Mais de duas décadas após os ataques terroristas de 11 de setembro, Trump está utilizando as alavancas políticas que Cheney ajudou a construir para avançar sua própria agenda nacional.
Legado de Cheney
Cheney, que teve uma longa trajetória no governo dos EUA, desde a era de Richard Nixon, usou os ataques de 11 de setembro para reestruturar a autoridade executiva, libertando George W. Bush para agir no “guerra ao terror” sem as limitações tradicionais. Isso foi descrito pelo ex-repórter do Washington Post, Barton Gellman, como uma mudança que desafiou antigos hábitos de autocontenção do governo.
A agenda de Trump
Agora, Trump, que herdou esses poderes expandidos, usa-os de maneira semelhante, embora sua agenda tenha chocado a opinião pública de maneira diferente. Embora ele invoque “emergências nacionais” para justificar suas ações, não existe a unidade nacional que caracterizou o país após 11 de setembro. Cheney, em seus últimos anos, alertou sobre a ameaça que Trump representa, considerando-o um perigo maior para a república.
Instrumentos de poder
Ambos os líderes demonstraram uma disposição para usar o poder militar americano de maneira que muitas vezes ignora tentativas de supervisão. Trump lançou ataques aéreos no Irã, justificando-se com a ameaça nuclear, em uma linha de raciocínio que ecoa a utilizada por Cheney no início da guerra do Iraque. Além disso, a administração de Trump designou traficantes de drogas como “combatentes inimigos”, realizando ataques militares para proteger a segurança nacional, sem a aprovação do Congresso, similar ao que Cheney fez durante sua gestão.
Vigilância e detenção
Trump também tomou medidas para evitar a revisão judicial de suas ações de detenção e deportação, expandindo instalações em Guantánamo e firmando acordos com governos estrangeiros para deportações. Ele ameaçou usar as capacidades de vigilância doméstica aprimoradas por Cheney para combater o que ele chama de “inimigo interno”. Enquanto Cheney focou em comunidades muçulmanas, Trump direciona sua vigilância contra movimentos de esquerda, como o Antifa.
Rutura entre eras
Após a morte de Cheney, as bandeiras na Casa Branca foram colocadas a meio mastro, indicando luto nacional, mas também ocultando a rutura que se estabeleceu entre o conservadorismo tradicional de Cheney e o partido republicano que Trump moldou. Embora tributos ao ex-vice-presidente tenham surgido, Trump permaneceu em silêncio, refletindo os conflitos que marcaram a relação entre eles nos últimos anos. Ambos, porém, compartilham um entendimento sobre o poder da presidência que transcende suas diferenças ideológicas.


