O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decretou a prisão temporária de José Rodrigo da Silva Ferrarini, policial penal acusado de balear o entregador Valério Júnior, durante uma discussão na última sexta-feira (29/08), em Jacarepaguá. O caso ganhou grande repercussão e levanta debates sobre a segurança dos trabalhadores de entrega. O incidente ocorreu na Rua Carlos Palut, em um conjunto de prédios conhecido como Merck.
Segundo relatos e vídeos que circulam nas redes sociais, a discussão começou quando Valério solicitou que Ferrarini buscasse o pedido no portão do condomínio, enquanto o policial exigia que o entregador subisse até o apartamento. Em determinado momento, Ferrarini desceu e efetuou um disparo que atingiu o pé direito de Valério. A frieza do policial chocou a todos, com frases como “Então valeu” e questionamentos agressivos como “Tá me filmando por quê, p*rra?!” após o disparo.
“Eu moro aqui, cara! Eu sou morador, cara!”, exclamou Valério, buscando ajuda de vizinhos após ser baleado. Ferrarini, por sua vez, simplesmente virou as costas e retornou para sua residência. Após prestar depoimento na 32ª DP (Taquara) no sábado (30/08), o policial penal chegou a ser liberado, mas a decisão foi revista com a decretação da prisão temporária.
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) também se manifestou sobre o caso, anunciando o afastamento de Ferrarini por 90 dias e a instauração de um processo administrativo disciplinar. A secretária Maria Rosa Nebel classificou a conduta do policial como “repugnante”, assegurando que “A Polícia Penal não compactua em hipótese alguma com atitude como essa”. A pasta ainda se solidarizou com o entregador Valério Júnior.
A polícia indiciou Ferrarini por tentativa de homicídio qualificado e segue em diligências para localizá-lo e efetuar a prisão. A arma utilizada no crime foi apreendida e passará por perícia. O iFood, em nota, reforçou que entregadores não são obrigados a subir até os apartamentos e repudiou a violência, oferecendo apoio jurídico e psicológico a Valério. “O iFood não tolera qualquer tipo de violência contra entregadores parceiros e lamenta muito o acontecido com o entregador Valério de Souza Junior”, declarou a empresa.