Como a diversificação alimentar pode ajudar a mitigar emissões de gases
Proteínas alternativas podem ser a chave para mitigar a crise climática e reduzir emissões de gases.
Em um contexto de crescente crise climática, as proteínas alternativas emergem como uma solução viável para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. De acordo com um relatório da Global Alliance for The Future of Food, divulgado em 2022, os sistemas alimentares contribuem com 33% das emissões, recebendo apenas 3% dos investimentos para combater essa situação. A COP30, que ocorre de 10 a 21 de outubro em Belém (PA), serve como um palco para discutir como as proteínas alternativas podem ajudar na mitigação e adaptação climáticas.
Gustavo Guadagnini, CEO do Good Food Institute (GFI) Brasil, enfatiza a necessidade de produzir mais alimentos com menos recursos. “Precisamos diversificar os sistemas alimentares, investindo em alternativas que minimizem o impacto ambiental”, afirma. A produção de proteínas de origem animal é uma das principais responsáveis pelas emissões, com 85% das terras aráveis dedicadas a esta finalidade, gerando apenas 17% das calorias consumidas globalmente.
A importância da diversificação alimentar
Guadagnini aponta que o investimento em proteínas alternativas é essencial para criar sistemas alimentares mais resilientes. As proteínas alternativas incluem opções à base de plantas, fermentação e carne cultivada. Estes métodos não apenas reduzem as emissões, mas também oferecem uma variedade de opções alimentares que podem ser mais sustentáveis.
Pesquisas indicam que se as proteínas alternativas representarem 11% do consumo global de carnes até 2035, poderemos reduzir 850 milhões de toneladas de CO2 equivalente até 2030. Isso seria o mesmo que descarbonizar toda a indústria de aviação mundial.
Investimentos necessários para o crescimento do setor
Para que as proteínas alternativas se desenvolvam e ganhem escala, é necessário um investimento significativo. Um estudo do Center for Strategic and International Studies (CSIS) estima que 10,1 bilhões de dólares por ano são necessários para impulsionar este setor. Esse investimento deve ser dividido entre incentivos para o setor privado e pesquisa e desenvolvimento.
Comparado aos investimentos em setores como energia e transporte, essa quantia é relativamente baixa. Por exemplo, a Volkswagen anunciou recentemente um investimento de 120 bilhões de euros em tecnologia de veículos elétricos.
Avanços nas discussões sobre sistemas alimentares
Desde a COP27, as discussões sobre mitigação e adaptação na produção de alimentos ganharam destaque. Mariana Bernal, analista de Políticas Públicas do GFI Brasil, destaca que a inclusão do tema dos sistemas alimentares nas negociações climáticas foi um marco. As proteínas alternativas estão sendo reconhecidas como uma solução que pode beneficiar tanto a mitigação do aquecimento global quanto economias emergentes.
Na COP28 em 2023, mais de 160 países, incluindo o Brasil, assinaram uma declaração reconhecendo a importância dos sistemas alimentares na ação climática. Apesar dos avanços, ainda há necessidade de evolução na regulamentação do setor e no financiamento para tecnologias acessíveis.
O papel do Brasil na pesquisa de proteínas alternativas
O Brasil tem potencial para ser um líder nas discussões sobre proteínas alternativas na COP30. Segundo Guadagnini, é crucial que o país utilize sua capacidade de pesquisa e inovação, aproveitando a biodiversidade local. Por exemplo, o projeto que utiliza a fibra do caju como matéria-prima para proteínas alternativas é um exemplo de como a tecnologia pode transformar recursos locais em soluções sustentáveis.
Essa abordagem não só contribui para a resiliência climática, mas também proporciona alternativas de renda para agricultores, especialmente em regiões como o semiárido nordestino. Com a tecnologia adequada, o Brasil pode se posicionar como um produtor de proteínas alternativas, utilizando ingredientes locais e reduzindo a dependência de importações.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Fonte: Good Food Institute Brasil