Especialistas alertam que decisões de investimento em energia solar e eólica atingem o menor nível em quase uma década, comprometendo objetivo de 82% até 2030
Investimentos em energia solar e eólica na Austrália caem ao menor nível em quase uma década, colocando em risco a meta de 82% de energia limpa até 2030.
Investimentos em energia solar e eólica na Austrália enfrentam declínio preocupante
Dados recentes indicam que os investimentos em energia solar e eólica na Austrália estão no nível mais baixo desde 2017. No ano de 2025, a agência governamental responsável espera apenas 2,5 GW de capacidade renovável em larga escala chegando à decisão final de investimento, uma queda significativa em relação aos 4 GW registrados no ano anterior. O especialista Richie Merzian, CEO do Clean Energy Investor Group, alerta que esse cenário reflete “problemas estruturais profundos” e não apenas uma queda momentânea.
Fatores estruturais comprometem o avanço da energia limpa
Entre os desafios apontados estão atrasos em processos de planejamento estadual, incertezas quanto à conexão das usinas à rede elétrica, limitações na transmissão de energia, aumento dos custos dos projetos e a falta de garantias de receita a longo prazo para investidores. Essas barreiras dificultam que os projetos propostos, mesmo com amplo potencial, avancem para a etapa de investimentos decisivos, comprometendo a meta estabelecida pelo governo Albanese.
Programas de apoio e a necessidade de expansão do financiamento
O governo australiano expandiu o esquema de investimento em capacidade, que oferece suporte financeiro para projetos de energia solar, eólica e armazenamento por baterias, visando substituir usinas antigas movidas a carvão. Apesar disso, a execução do programa ainda não tem sido suficiente para impulsionar decisivamente os investimentos. Especialistas como Frankie Muskovic, diretora do Investment Group on Climate Change, defendem que o programa deve ser estendido além do prazo atual, que se encerra em 2027, para garantir maior confiança aos investidores.
Impactos para as metas climáticas e energéticas até 2030
O aumento da participação de energias renováveis na matriz elétrica já ultrapassou 40%, mas para cumprir a meta de 82% até 2030, o ritmo de construção de usinas solares e eólicas precisa acelerar substancialmente. A Climate Change Authority enfatiza que a geração renovável em larga escala necessita mais que dobrar sua taxa de crescimento nos próximos cinco anos para que os objetivos sejam alcançados, incluindo a significativa redução das emissões de gases de efeito estufa.
Infraestrutura necessária para transição energética segura
Além do investimento em geração renovável, autoridades alertam para a urgência em ampliar a infraestrutura de segurança do sistema energético, como condensadores síncronos, especialmente no contexto do fechamento previsto da usina a carvão de Eraring, em New South Wales, em 2027. O reforço dessas estruturas é fundamental para garantir a estabilidade e confiabilidade da rede com o aumento das fontes intermitentes.
Conclusão: desafios e caminhos para o futuro energético australiano
A Austrália está diante de um momento decisivo para a sua transição energética. Embora possua um grande portfólio de projetos potenciais em energia solar e eólica, os entraves estruturais e a necessidade de maior apoio financeiro colocam em risco o cumprimento das metas ambientais e energéticas. Medidas para agilizar processos, garantir receitas e expandir programas de fomento serão essenciais para que o país mantenha a liderança na adoção de energias renováveis e contribua para o combate às mudanças climáticas.