A primeira redução na arrecadação de impostos de importação desde a implementação das tarifas levanta preocupações sobre a estratégia econômica do presidente.
Receita de tarifas cai pela primeira vez desde sua implementação, complicando planos de Trump para reduzir a dívida nacional.
Queda na Receita de Tarifas nos Estados Unidos
A receita de tarifas nos Estados Unidos, um indicador crucial para a estratégia econômica da administração de Donald Trump, caiu pela primeira vez desde a implementação das tarifas em abril. Dados do Departamento do Tesouro indicam que, em novembro, o governo arrecadou $30,75 bilhões em taxas de importação, uma diminuição em relação aos $31,35 bilhões obtidos em outubro. Essa queda na receita de tarifas traz à tona preocupações sobre a viabilidade dos planos de Trump de utilizar esses fundos para reduzir a dívida nacional, que ultrapassou a marca de $38 trilhões em outubro.
Impactos das Tarifas e Mudanças nas Arrecadações
Desde a introdução das tarifas, a arrecadação havia mostrado um crescimento constante, atingindo um pico de aproximadamente $15,6 bilhões em abril. No entanto, a recente redução pode ser atribuída a uma série de fatores, incluindo a decisão da administração de reverter algumas tarifas sobre produtos alimentícios básicos, como bananas e café, em resposta à crise do custo de vida. Além disso, acordos comerciais que reduziram as tarifas contribuíram para essa diminuição.
De acordo com dados da Descartes Systems Group, as importações de contêineres nos EUA caíram 7,5% em outubro e 7,8% em novembro, evidenciando uma diminuição na demanda por produtos chineses. Essa retração nas importações se seguiu a um aumento inicial, quando as empresas tentaram se antecipar às tarifas, mas agora a realidade parece ser diferente, com menos itens disponíveis para serem tributados.
Diferenças de Projeções e Impactos Futuros
Trump, que havia prometido que as receitas das tarifas seriam suficientes para não apenas reduzir a dívida, mas também para oferecer cheques de reembolso de $2.000 para os americanos, enfrenta um cenário desafiador. O diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, que é cotado para ser o novo presidente do Federal Reserve, declarou que uma parte significativa da receita do Tesouro provém das tarifas. No entanto, a previsão do Escritório de Orçamento do Congresso agora indica que a redução das tarifas pode levar a um corte de cerca de $800 bilhões na redução da dívida ao longo da próxima década, conforme as taxas de tarifas diminuem de 20,5% para 16,5%.
Críticas e Desafios na Estrutura Tarifária
A análise de economistas independentes, como a realizada pela Pantheon Macroeconomics, sugere que a receita gerada pelas tarifas está aquém das expectativas do governo. Estima-se que as tarifas estejam gerando cerca de $400 bilhões anualmente, $100 bilhões a menos do que o previsto pelo Secretário do Tesouro. Além disso, as empresas estão se voltando para fornecedores de países menos afetados por tarifas, como o Vietnã, resultando em uma queda nas importações da China.
Jay Shambaugh, acadêmico da Brookings Institution e professor de economia, critica a estratégia de usar tarifas como meio de geração de receita. Em seu artigo, ele argumenta que para que as tarifas sejam uma fonte significativa de receita, elas devem ser economicamente distorcivas, o que pode impactar negativamente a produtividade e o crescimento econômico dos EUA. Shambaugh alerta que tentar transformar as tarifas em uma corrente de receita permanente pode prejudicar tanto os consumidores quanto as empresas mais produtivas, além de comprometer as relações internacionais do país.
Conclusão
Com a redução na receita de tarifas, a administração Trump se vê diante de um dilema: como manter suas promessas econômicas em um cenário de incerteza crescente. A queda na arrecadação não apenas impacta as projeções de receita do governo, mas também levanta questões sobre a eficácia das tarifas como uma ferramenta de política econômica. À medida que a administração navega por essas águas turbulentas, a necessidade de uma abordagem mais equilibrada e eficaz se torna cada vez mais evidente.
Fonte: fortune.com
Fonte: Donald Trump, sitting in the Roosevelt Room, looks forward and frowns.



